Agora sou eu e você, ninguém mais
Vai entrar
por agora. São os fatos
A ser
encarados, você e eu e a paz!
Levanta
depressa rapaz, já é hora.
Dê-me a mão
bem de leve e perceba
Que o toque
suave te acalma, sou eu...
Quem mais
poderia ser? Seu pai? Seu irmão?
Tudo é
mistério para ti, eu sei. Como não?
Respire,
acalme, recite um poema,
Talvez
sinfonia inteira... a quinta? A nona?
Olvida-te
da melatonina, da dipirona,
Agora o mar
não tem onda, então rema!
Doí-te o
peito, percebo o esforço
Na
tentativa do braço, nas veias de seu pescoço...
Relaxa, não
é pela força e sim pelo abraço.
Tu tens um
espaço de tempo entre o fim e o começo.
Um velho
bateu tua porta,
Receba do vento um sussurro.
São boas
notícias por vias bem tortas,
Espia na
fresta do muro, verás linda festa!
Lenta...
calma... como a planta que cresce
Em tempo de
tempestade e parece que nunca
Desiste.
Então senta-te e assiste a fera adormecida.
O fim de
uma era que já não existe!
Sou eu e
você e esse velho! O pai o filho...
E a mãe,
que se chama primavera!
Sou eu,
você e o universo
E aquele
intensíssimo brilho.
Megatons de
olivas nucleares
Ou orgias
celulares,
Ou vaginas
seculares,
Ou ogivas
circulares... Qualquer coisa, Marraquesh!
Sou eu,
você e o fim de tudo que existe...
Abraça-me
bem calmo... a morte não é tão severa...
Se existe
paraíso, não será aqui nesta terra!
Fecha bem
os olhinhos...
Que um
passarinho já traz um raminho de erva!
Esperança!
Esperança! Onde descansa teus medos?
Quero ser
como a criança a rodopiar seu brinquedo!
Eu me canso
e percebo a doença roendo meu dedo
Que se
pinta de vermelho e reage ao toque do cianureto!
Esperança!
Esperança! Onde dorme o terremoto?
O tsunami,
apocalipse, psicose a overdose de receio?
Onde dorme
tudo isso? Qual gigante travesseiro
Que acolhe
a hecatombe? Qual lençol que os encobre?
Qual a rede
os balança e os nina?
Diga-me tu
bondosa menina... Musa agredida... sem paz!
Eu seu
leito apedrejada... dize-me tu em teu sussurro, sem voz...
A esse
filho que labuta nas areias do deserto,
Enfiado numa
gruta... que rasteja para ressuscitar.
Recitar
mais um poema para mais uma vez perguntar:
-
Esperança! Esperança, onde guarda tuas armas?
Em qual
bunker tu descansas? Em qual terra te reteram?
Teerã,
Bagdá, Polinésia? Em que terreiro?
Vou buscar
teu cativeiro... Cavucar uma trincheira
Farejar
pelo teu cheiro... Nesse rastilho de bombas
Hastear
minha bandeira!
Esperança,
esperança, onde dorme amordaçada??
Grita alto,
Esperança! Já ergui a barricada, já enchi
Todo meu
peito...
A doença, o
escorbuto, a navalha... tudo isso
Em meu
domínio... eu controlo as ventanias...
E meu dedo
faz magias que acordam o mundo inteiro!
Esperança,
esperança! Me espere, eu não demoro!
Encilhei o
meu cavalo, meu cachorro vai ligeiro!
A manhã já
vem trazendo meus amigos, ouça o coro!
Coração
bombardeando, enrijecendo os membros!
Ah minha
pobrezinha... abra os olhos mocinha!
Chegamos,
perceba a banda na praça!
Ouça a
canção que se alinha... a flauta... o clarinete!
Respira em
minha máscara de oxigênio!