Lamparinas, luz de velas... São lanternas japonesas! Me parecem ser estrelas, com certeza são eternas!
2 de maio de 2009
Choras militante, choras...
Se um homem não entra por duas vezes no mesmo rio...
Jamais por certo, pisará de novo no tapete de sua sala ao retornar do continente místico das guerrilhas!
E tu que o amarás... jamais o amarás de novo... Por certo o amor resiste a todos os conflitos, mas por tão machucado, não retorna a manifestar-se além de palavras carinhosas!
E tu, que a amará para sempre, chorarás por saber que o velho que te habita, é impotente para acariciar seus peitos com o carinho necessário!
Choras militante, choras... Derrama enfim seus últimos suspiros...
Entrarás de cabeça baixa no paraíso! Deita-te, acalma seus pensamentos e guarda as energias para as novas tarefas do dia seguinte!
Como um temporal silencioso
Quanto tempo me resta, a metade de minha vida já foi vivida.
Olho para frente e vejo uma única e grande porta.
È por ela que adentrarei.
Indubitavelmente
Por aí caminho... é a ela que desejo, temo, hipnotiza-mo-nos...
Sei que esta porta, me leva a caminhos plenos... E dentro de mim...
Muitas lembranças deixadas para trás.
Parto. Sigo, é a hora da colheita, e colho...
Sei que muito triste, os frutos não serão saboreados por mim, e talvez pisoteados por outros.
Talvez seja esta a mágoa que carrego.
De semear em muitos lugares sem saber onde renasceremos um dia.
Mas um belo dia, confiaremos.
Parto, me vou, e sei que as contradições e pensamentos se alastram como incêndio.
Quanto tempo me resta...
Tarefas por realizar, é uma espécie de morte.
È uma forma de dar-lhes o que ainda não sei.
Quanto tempo me resta?
Quanto tempo terei?
Aproxima-se a hora da partida, e tudo que foi lançado ao vento, retorna numa tempestade, e meus olhos se atordoas...
Não viver a revolução cotidiana, nos condena para os próximos passos, e como num vício, como numa necessidade orgânica, nos repele, nos imulsiona a diante em profusão difusa...
Confusos, seguimos os nossos velhos instintos, supostos princípios envelhecidos.
E minha raiva vai se condensando, ... observo-me demasiadamente carente.
Não consegui fazer com que ninguém compreendesse meus sentimentos.
Que pena, morrerei em silêncio, me fechando quase que para sempre...
Me fechando, me embrutecendo, e deixando a leve luz que me ilumina resguardada para renascer no momento próximo a morte...
Quando eu puder lançar as sementes...
Quando perceber a terra fértil...
Sabendo que tenho uma pequena reserva...
Tenho um egoísmo que não compreendo, um pequeno medo de me abrir...
Estou triste...
E chovo. Como um temporal silencioso.
Quando digo amor, no que pensas?
Me descobriram, sim os guardiões das portas dos mortos descobriram minha ausência. Me retirei por 147 anos e para que eles não desconfiassem de minha fuga, eu mesmo tive que crer que tinha 25 anos, e nunca mais acendi a luz vermelha de meu coração. Morto, porém com 25 anos a lançar minha fertilidade em colos apaixonados, porém morto, essencialmente.
Mas hoje eles me descobriram, e com sua infantaria de legiões sorridentes e monstruosas me interceptaram em cima de uma figueira centenária.
Claro que tentei me lançar no espaço, tentei voar com minhas recordações de instruções de vôo, mas eles me perseguiram pelos telhados.
Eu que vivi como um rei, hoje me encontro em fuga, como alguém que rouba, como um ladrão... Minhas amantes se descabelaram e reconhecem em meu dominador o homem que lhes trás a triste notícia de minha morte prematura tardia.
Claro, a partir do momento em que os habitantes desse reino me descobrem, torna-se impossível enganar-lhes, fugir, não há caminho, não há beco que eles não vasculhem, entram nas consciências, entram no cognitivo, rasgam-te as entranhas e te buscam, no puedes vacilar con su llama roja. Con su sendero luminoso. Te quieren. Y son lindos, son cantantes, rápidos, apasionantes...
Me vuelvo al cementério, me vuelvo, tengo miedo, claro, voy a ser massacrado por mis parejas... Huindo, que feo. Pero ya me acostubro porque conosco todas las molestias de mis compañeros, que me invidian.
Bem, retorno, e não tenho vontade de abrir meus olhos.
Penso ainda como é que eles me descobriram? Não fui eu que acendi a chama, não foi eu quem deixou o rastro luminoso. Não, se algo se passou, creio que me entregaram, creio que a parte mais cansada de meu espírito disse toda a verdade e confessou o meu desejo de fuga...
Mas agora chego ao portão dos mortos e pulo (me empurram) o muro para dentro do cemitério, me aproximo de minha tumba, ma enterram e falam para que eu não mire pelos dois primeiros dias para os lados, pois os que ficaram estão com muita raiva, que na verdade são eu mesmo antecipados.
Creio que tudo não passou de um mal entendido, e abro os olhos no primeiro Sábado, ou Domingo, não importa, e sei que por mais feios que me pareçam, não tenho medo, definitivamente não tenho, é como uma peça de teatro infantil, onde os gatos realmente falam, e os cachorros dançam esquizofrênicos.
Volto ao meu lar, durmo e jogo fora aquela minha juventude roubada, foi só um sonho, agora tento me convencer novamente que tenho os 147 anos determinados, sabendo que um dia, um dia de sol, me será dado, clareando meus raios deliciosos, meus movimentos saborosos, minha alma bêbada e alegre, que te deseja de novo, sendo inevitável que te entregues... Pois bêbado estais. Basta que me busques em seus delírios! Pronto, basta, contaminado estais novamente.
Desejo-te, e vou dormir por mais alguns séculos moribundos... Preparando-te a cama, observando-te, cuidando-te... Te espero do outro lado do muro, sei que trocaremos de pares. Quando digo amor, no que pensas?
Lavras, 15/03/2003
O patrão te observa, perceba...
Pressão, tempo, ... componentes na formação do carvão bruto eternizado... Paixão, vento, ... elementos ácidos para transformações químicas....
Acalma-te, deixa esse leve ar entrar em seu peito... Mistura-te com as feras que te habitam. Em verdade, doma-as! Palavra de amizade, carinhosa... embebade-te com sua saliva, sinta a respiração do planeta...
Suave permaneça-te, olha-me nos olhos como um homem, apaixona-me...
Concentra-te em silêncio, exploda seus vulcões no interior de seus ouvidos...
Ela virá, a terceira, a quarta... a milésima e infinítica onda...
Esse é o redemoinho dos tempos, essa é a canção mais antiga...
Conhece-a desde há muito... Foi ela que embalou-te o primeiro sono...
Chega ao fim desta próxima jornada... Abraça teu cachorro...
Mira a mulher nos olhos... sinta-a!
Não são emoções incontroláveis... Este é tu, o homem que te acompanha...
Esta sombra que projeta... Engole tua parte, deglute...
Digere... saibas que não toma de quem nada tem...
Ninguém nada tem!
Palavras, essa irmãs mais frágeis do vocabulário...
Saiba que tu estais sendo trabalhado a tempos eternos por antigos calendários...
Não fujas, não adianta, um dia entrega-te a essa paz que as vezes trazes...
Este medo que tens da morte é coisa ligeira... Ela não te acaba nunca. Assim como nada te acaba.
Sim, sinto sua cabeça pesada, confusa, sou um velho irmão que aparece nas noites de lua mais mansa... Não faço pactos, nem promessas... Escuto-te as lamúrias que lanças em silêncio aos diabos domésticos, aos fantasmas.
Não precisa me escutar, tenho o velho aroma de couro curtido...
Sombras, já não sou nada, no simples espaço de um poema, me desfaço...
Fugaz, na manga um ás... fantasma, pulerizado no ambiente de seu quarto...
Sombra que se desfaz, fecunda-te de pensamentos... Não é mais!
Perde a pista, buscas em vão, não sou paz!
Não vim para trazer as flores, trago a espada!
Debaixo da cama, por entre as frestas dessa construção antiga, por todos os poros, pelas células, pelo aparelho televisor... Não me vês, mesmo que sinta o peso de minha respiração rítmica ao seu lado...
Baixo! Ocupo o espaço vazio desses latifúndios, não tenho culpa se me evocaste...
Aqui estou, para escutar seus desejos... satisfazer-lhes... Pobre homem, aquele que não conhece seus sonhos, pobre do homem que evita a realização dos mesmos...
Passou o temporal... o tempo se escorre, levando consigo suas sementes...
Tu mesmo o sabes bem das vezes em que trancaste seus filhos num armário. Saiba que eles cresceram e se alimentaram das larvas, beberam pelas goteiras... canibalizaram-se...
Longos anos se passaram, resta um único rebento.
Este mesmo, o de olhos vermelhos, aprisionado, o mais forte e violento. O que foi banido da luz... Esta é a regra, nada morre por inteiro... Nunca.
Pela lei, é dele o direito de escolher as armas, é ele quem tem fome... Todos os direitos ao homem que tem fome... A prole amotinada, incontida, irreprimível por qualquer regra...
Rebenta a tropa, o rebanho se espalha ao som da última corneta...
De pé, erguida a cabeça... Julgado serás neste momento, e toda a dor há de surgir...
São os fetos afogados na água da privada, são afagos negligenciados aos corpos de suas amadas... é o copo de água que foi negado a quem tem sede.
Sou eu, o vingamento dos frutos que enterraste, o cavalo sem celas, indomado.
O fogo nos olhos de todos os animais, o lobo, a serpente, a força eterna do que se faz em tempo, no tempo certo das primaveras.
Abraça-me, sabes que chegará a hora, te espero sem pressa, sem ânsia, te espero como um velho amigo, para a hora do chá, para tomar o mate, fumar o tabaco... Se pensas que a culpa não te acompanha, espera para conhecer os resultados de sua covardia...
Mais ainda assim, saiba que te amo, isso que digo, longe de ser uma ameaça, é um presságio...
È o irmão mais velho te avisando das trombetas do tempo, é a mãe caridosa, o pai amistoso...
Esquece...
Me fui,
Só um sonho, ruim é certo.
Mas um sonho...
Talvez um mapa,
Um delta de rio,
Olvide,
Foi só o revide,
A reação...
O aprendizado,
O caminho sendo percorrido...
Se esses sinais chegaram até a ti...
Entenda-os como a voz que a todos ecoa...
No final dos tempos, no início da vida...
Longos dias virão...
Sabedoria...
Lá fora te chamam para tomar umas cervejas...
O patrão te observa, perceba...
Brindo ao Huno mais carnívoro...
Brinco com o jogo das palavras infinitas...
Brindo ao Huno mais carnívoro...
Brado versos, os combino...
Escondo-me neste velho labirinto...
Este piano, melodias que bailam...
Teclas debutantes, desfilam...
Prazer fecundo, meios-dias que suam...
Uma mulher pode surgir das águas...
Arrancar-lhe os bagos ou beijar-lhe os lábios...
Surjo entremetido pelas frestas...
Sumo como o fumo das cabeças...
Depois de vir já estou...
Antes de ir já me vou...
Essa é minha dipirona...
Guardo os ossos das lutas vencidas...
Tenho uma caixa deles...
Aveludada de vinho...
Adivinho o futuro, em meu vírus do mosaico.
Alguns juram que o amor existe... Pode ser... Não duvido...
Vejo o velho por do Sol, e sei, que você também vê
Isso me remete ao óbvio, elementar, nada confuso
Me aproximo esperando esquentar o corpo cansado
Nada de mal..., te uso em meu benefício
Te deixo um pouco de afagos... uma permuta
Venho do antigo Sistema Feudal
Da era remota dos visigodos
Dos Impérios que ruíram aos pés dos homens
Venho do Himalaia... Carregando meus ascendentes...
Hoje o dia é ameno... Nenhum som magnífico...
Nenhum poema que me encharquem os olhos...
Creio que quando era mais jovens, costumava olhar as pessoas nos olhos e as fazerem um pouco mais feliz... claro que isso me nutria, hoje meu alimento é outro, amadurece o sistema gastrointestinal de um homem...
Sei que as orquídeas permanecem lindas...
Ouço o canto dos pássaros, sinto o brilho da lua e as vozes dos duendes...
Desejo-lhes muita saúde...
Desejo-lhes assim, distantes...
Que não me toquem, que não me tragam notícias de seus encantos.
A velha feiticeira que faz movimentos malabarísticos...
O amigo mago que te diz assombros...
Ah... Tenho milhões de mosquitos apitando em meus ouvidos...
Não tapei os olhos, posso afirmar-te que os vejo todos...
Os cumprimento, centímetro por centímetro me aproximo lento
São meus amigos, como os anjos do labirinto, como as pragas do Egito
Suave brisa me entorpece, lamento pelo dia de hoje... Me balearam no peito...
Os panos ensangüentados e a voz do homem que me socorria...
Quantas vezes serei assassinado e seguirei em frente...
Te acompanho, já morri a oito anos... Nada restou de mim...
Sou essa 4ª fantasmagoria...
Vivemos em 7 onde só cabem seis, isso desde que fui para a América Latina...
Já morri, creio que só eu ainda não percebi...
Algumas pessoas me carregam na memória, quando estas se recordam de mim, sei que me aproximo, são meus amigos...
E daí? Me pergunto. Assumo meu limbo a espera do julgamento...
Neste ínterim, posso ainda me armar do livre arbítrio...
Sursis... Quem me olha com o amor de seus olhos... Não sei amar os anjos...
Relação direta de benefício próprio... Digo que o que me move em direção a ti, talvez seja mais que a inércia, talvez seja mais que a densidade de nossos corpos em movimento...
Pode passar pelo que definimos como necessidade...
Alguns juram que o amor existe... Pode ser... Não duvido...
Que diferença isso me faria a esta altura, onde escalamos o limite do improvável... Assaltamos os céus... Querem dizer que me amam... Querem dizer para dar um basta em minhas metralhadoras, que a essência está no coração humano, a pobre órgão inofensivo e lasso. Em ti que depositam todas as culpas... Quem es tu para atrair meus desejos...
Sou o velho cangaceiro de olhar em brasas que se movimenta ainda pelo instinto básico da fome. Tenho sangue nas ventas, ar comprimido nos peitos para parecer maior assustando o inimigo, como um sapo que se infla... Como um lagarto que se pinta e se traveste para arrancar-lhe o escalpo.
Vamos começar o show de magias negras, vamos te carregar no colo e esperar a ejaculação precoce... Chegue, se aproxime, aprochegue...
Ventríloquo... Arcos... Nenhuma mágica... Sem sentido...
Acredito que tu, após a ceia deves escovar os dentes e sentir-se seguro, como a um covarde que arde nos círculos confortáveis da filosofia gorda e redonda que te ampara como a mão de seu papaizinho...
Acredito em ti, o animal fera, que espreita, que caça, o lobo inconsumível, o jagunço ...
E nem por isso são todos infelizes!
Levanto-me e dou mais uma volta em torno de minhas angústias...
Lamino-me, com navalhas envelhecidas e envenenadas!
Choro como um perdedor, com alguém que perdeu as velas na noite enegrecida
Ou o farol em meio a uma tempestade!
Sem leme, sem mastro, sem força para seguir o resto do caminho!
Ao meu lado, está aquela velha menina conhecida de meus olhos, aquela mulher que depositei o que eu esperava ser os frutos de uma grande colheita...
E a terra não esperou os adubos, e envelhecemos lado a lado, sem muito diálogo, sem muito amor...
É chegada a hora de culpar-me um pouco, fora a conjuntura, fora as circunstancias materiais, que envolvem todos os homens... E nem por isso são todos infelizes!
Qual a minha parcela de culpa? O que tenho a ver com isso tudo!? E definitivamente, o que posso fazer para que essa relação não me devore definitivamente?Vivo meu inferno, vivo meu calvário!
E peço forças para que eu possa terminar com tudo isso que me desgasta!
Andando atrás de Belfagor...
vou ter de ir andando atrás de Belfagor...
Ele, que me olha nos olhos e diz como seria o Inferno de Dante...
E eu, assim como antes, recito-me em busca de algo deslumbrante...
Nunca o vi, porém sei que existe, retumba em mil labirintos de tua alma...
E sai, indo em busca de algo que já tive, e não tenho mais, pois assimétrica cadeira de meus pés, tremulo, deixo cair a folha em peste absoluta...
Sei que sou lindo e proeminente salta minha barriga...
Avança em rápidas batidas sobre meu cérebro fecundo, descansa, ouve a leve badalada das fumaças...
Saramago me escreveu um poema, e eu deixei a tromba cair em meu lugar.
Estive a ponto de cair...
Estive a ponto de cantar...
Sei que as misturas te engravidam em mil desgraças
Mas confio em mim, muitas mudanças destroçando meus miolos
Não confundam a antiga peste bubônica, com a besta apocalíptica.....
Vou buscar em mim, o que há mim pertence, vou escrever no Ágora imundo as vellis vérticis...
E Ptolomeu narcísico enrolando a língua em seu sepulcro!
Os Viajantes, que com dificulistis aguda te invade...
Talvez périplo fugaz em seu desmanche...? Sim, nada que eu saiba, em mi labirinticus solitárius te acompanhe?
Quem vê a vaga? Latinicus, itálicus sobrevivem...
Nessa antiga memória que me lembras pirilampos...
Alexandria!!! Ouvi seus mares retumbarem em meus ouvidos, e vi as rachaduras imensas de minhas pernas cálidas...
Daquelas que o Greenpeace grafitou em Thiange na Bélgica...
Heróis... heróis... vão te embora que minh´ora já chegou...
Víbora da-me a libra necessária para atinar-te em sonhos, e feiticeiras, saí de teus castelos e revelardes...
Depois de anos como pego-me no colo..
E Conto-te sim, todos os meus segredos depois que eu morrer...
E Sei que foste para uma empresa e entregastes nossos segredos...
E Vi-te em marcha, exército inteiro...
Somam-se as atrozes barbaridades, que não são fantasias...
Ah Alexandrias... onde andam meus versos solitários???
Sim, meu amor, claro que eu quero ir para a Itália...
Claro que eu quero a Dione?Amo-a com seus peitos estalados...
Claro que eu quero mandar-me pelo espaço, aprendi com os velhos Budas...
E Leandro, Ah meu amigo Leandro...
Quanto tempo? Quanto tempo, precisamos mesmo conversar com calma!?
Adentro-lhe como um amigo
E sei que tu pensas exatamente no que digo...
Ouve-me, será que escutas o timbre de minha voz soar igual ao de todo mundo?!
Não, sei da genética da violência, tento traduzir esse eco, juntando e articulando o som das palavras...
Sei que já sabem de tudo isso, e estou me repetindo...
Saibam, essa é a mensagem de um homem forte...!
Talvez meu testamento final... a maior honra de um homem é poder conhecer a obra que este deixa em vida... os amigos... mesmo que não conheça as ordens das combinações...
Esta é uma carta para vc... sei que tu és a única pessoa que poderia vir aqui a esta hora, e buscar-me, tenha certeza, não te conheço... meramente ao acaso me confundo com suas varizes...
Até que eu estava indo tão bem... este teclado não é um piano... não saem sinfonias de meus dedos... não saem valsas de meus segredos...
Caramba... tenho uma linguagem tão livre que posso me atrair por algum sorteio...
Bem Grazianne, acho que vc é a mulher que amo...
Caramba, como te quero bem, e sei que isso talvez me afaste do próprio querer-te desejando-te...
Como penso em ti e na sua força, com penso em suas amigas... que deitem todas em filas e esperem passar-te por sobre os seios. Rezo para que os anjos bêbados te abracem, e que tu te percas na confusão dos labirintos, pois em ti confio. E tu, América, a ti me devo...
Olho-te no fundo dos olhos morenos, e através de sus miradas, beijo-as todas nos lábios úmidos...
Este meu cântico apaixonado e lento é para molhar-te o vestido... imaginando o véu que lhe cobre os sentidos...
Adentro-lhe como um amigo, relaxo meu peso sobre este corpo suave e liso...
Acaricio-te e vejo, com meus olhos profundos empalhados em sua direção... sussurrando palavras desconexas como imaginando meu sabor azedo... salgado... salvando suas folhas de caderno... arrepio...
Sei que meu amor é mais forte e amanhã a noite estará vazia, distancia-te, e me fecho... festejo... onde está o que buscamos, o que nesta vida faz sentido?
Sei que desta maneira estou contigo, e nada mais, somos amigos... Entre a luz e a espada...
Vou a guerra, onde estão precisando de mim.
Esconda-se, esconda-se minha princesa...
O Som das bombas do lado de fora, como se fosse a final de um campeonato
E em meu quarto eu escondo as lágrimas...
As vezes eu gostaria de ter uma passagem para o tempo futuro, para o inferno.
Sair daqui, apenas assim, fugindo de uma solidão que ainda não tinha conhecido!
Esquecido no fundo de um navio...
Solidão, esquecido de mim, navegando para fora de mim!
Que buraco... cai definitivamente nesse buraco gigante... não estou assustado, sei que a morte é certa, e que preciso apenas esperar meu corpo ir enfraquecendo...
ainda em meio ao desespero, me dá alguma vontade de cantar, mesmo que seja uma música triste!
Cada qual em seu buraco!
Meu amor, foi uma pedra ligeira, que há muito transformou-se num pesadelo...
o que é o casamento, uma tortura de baixa intensidade...
Um parafuso sem rosca...
O que é essa agonia, essa melancolia que sinto ao lado de quem supostamente teria que sentir amor e que não consigo nem sequer mais olhar nos olhos, no que se tornou essa bomba... no que se tornou essa vida??
E onde estão as minhas botas ligeiras, onde estão minhas mãos velozes...
Sei que os cavalos continuam selvagens em meu peito e os tigres apenas adormecem empalhados em algum museu de minha virilidade!
Escrevo o testamento para o menino que virou pomada...
Sinto que sou um creme vegetal que serve apenas para fritar os miolos de algum verme...
Fosso... Fossa!
Parece-me incrível que tenha transformado-me nisso... essa massa amorfa que nem procria nem berra!
Em nome do que supostamente conhecem por amor!
Esconda-se, esconda-se minha princesa...
Por esses castelos, rondam as últimas feiticeiras...
Esconda-se, esconda o que pensa, esconda o que sente...
Tudo é terremoto depois que saem de seus lábios as palavras santas...
Esconda seu véu, esconda sua dança, mesmo que a mereçam, esconda-a...
Tranque no quarto suas antigas fotografias...
Não dance, não brinque...
Não mexa nas coisas bonitas!
Não seja inteligente, não seja elegante, não cace as borboletas...
Minha menina frígida, esconda o gozo, não gema, deixa que te penetrem sem resistência...
Não sinta frio, mesmo que o gelo derreta em seus olhos... não toque, definitivamente não toque em nada que te pareça sincero!
Vai, não volte para trás, não siga adiante,... apenas equilibre-se no tempo, apenas faça o tempo parar...
A felicidade é uma invenção da qual vc não tem o direito de desejar!
Não deseje, seja apenas a minha menina!
Vire uma peça de museu, vire um livro na estante...
Vire a cabeça de lado para que eu possa beijar seu pescoço...
Não sorria, não diga nada esta noite...
A lua vai sair mais uma vez brilhando, e peço-te para que afogue suas crias nessa poça reluzente!
Sabemos, todos, sem exceção que vc é linda, e que deves permanecer intocada para que entre os homens não haja nenhum impropério...
Assim como as constelações, permaneça apenas onde estás... estatuada!
Vamos te enterrar no quintal das maravilhas, vamos tecer em seu nome os versos mais lindos, desde que permaneças intocada em sua torre de marfim...
Vc sabe melhor que ninguém que seu suor é venenoso! Não o derrame...
Ficarei aqui a vida inteira, te clamando, te exaltando... e vc será sempre a minha esperança!
É assim que bebo minha água
Nada! Essa é a representação exata de meu reflexo
Exato, esse é o passado de meu retrato...
Defeito, esse é o suporte do leito de meu rio...
Sorrio, e calmo, me aproximo, também dou minhas dentadas...
Os mapas foram rasgados, queimados...
Estrangeiros, não tenho paciência!
Essa é a palavra...
E tentando florear meus sentimentos, acabo por esconder-me num jardim embolorado...
Tentando arrancar as máscaras, fiz movimentos desincronizados...
E te parti o peito...
E te perdi no mar mais absoluto, o mar do esquecimento
A maré vai enchendo e o sol caindo em meus espíritos velhos...
Sim, esse espírito que agora me responde, e me diz com a sabedoria de um bode, o que devo fazer...
“- Possuído de mim estais, a ignorância é o fardo que carregas, perdoo-te...
mas deixe-me adentrar em sua essência, e te direi as palavras mágicas, ao pé do ouvido, dando toda a dor possível, desafiarás as estrelas e pensando ser possível alcançá-las, quedarás louco, incompreensivel, fedido...”
Mas, bem, penetra-me, respira devagar e profundo, beijo do amargo, do pé de pelos grossos, do animal, do anormal, do aleijão... do intelectual enclausurado e nú em seus conceitos, do pássaro ferido e baleado...
Bem, mas é assim que bebo minha água, e me alimento desses urubus...
Me alimento desse sangue derretido, dessa massa amorfa de meu cerebelo...
Me sustento com ar grosso e a poeira seca....
Ah! Quantas juventudes...
Quanta sede e água me falta...
Não tenho as mãos dos profetas, e os defino como santos, como seres elementares... Inexistentes.
A mágica está trancada na dispensa, a intolerância me atormenta, crescem os pelos em mim, os chifres estão apontando pelo cotovelo, a testa são escamas suadas, as mãos e os dedos se alongando...
Já me sinto em casa, já me sinto dono, rei, dentro de seu império.
Fiz-te de barro para poder quebrá-lo, para poder fundí-lo.
Não, não posso dizer que foram os incensos, nem as mirras, também não culpo as ervas, nem os alcalóides entorpecentes...
Ë a sombra do desconhecido, do incontrolável, da violência, da voz calma e serena, que me convence a deleitar-me, apedrejar ao irmão, cuspir na mulher que me ama, é o animal que vive em mim, é a besta...
Me fez de barro, meus pensamentos são núvens negras, tempestades...
Sou o cachorro deitado e doente, a velha desnutrida e solitária, o dominó dos aposentados, e tudo é tristeza, a vida vai escorrendo, e nada acontece, a vida me surpreende e nada acontece...
Um pássaro voando na tempestade, o ninho derrubado pelo vento, os filhotes mortos, esmagados pelo carro.... a imagem do desespero, percebo as aflições da cena, não contraio nem um músculo, meu espírito despreza... a imagem se sustenta...
Um menino manhoso, birrento, uma mão o estapeando, uma mão sem paciência, com o salário atrasado, um pai bêbado, torcendo pro flamengo, uma prostituta no sinal. Eu passando com meus sapatos sujos, faço parte desse quadro, meu espírito sem piedade, frio para sobreviver no inferno, escrevo minhas sensações, deliro, chuto a porta, bato no filho, a violência se transmite, espanco meus sonhos, encho a cara... tranco a cara, amarguro meus sorrisos, não me venha falar de amor, não me beija, não me queira bem, não me queira.
Claro que sou culpado, tragado pelo cigarro que me consome, ... ,
Eu e meus fantasmas, o inimigo me espreita, e hoje ele venceu, as cobras me picaram, adormeci em seu ninho, pisoteei seus ovos, as cobras me amaram.
Aviso aos que abrirão as portas
Segue, é seu destino mesmo, sabes que deves, e não temas, pois é este seu livre arbítrio.
Só falo isso porque você me pediu para recordá-lo de seus compromissos contigo mesmo.
Você desejou abrir as portas de sua consciência, permitir-se conhecer por inteiro, vou alertá-lo para alguns medos. Eu sou você mesmo, antes de que você permitisse que as portas se abrissem.
Ë simples, não temas caso sua busca lhe conduza para as inseguranças naturais, não temas, se você não se compreender. Não há julgamentos, e não há fraquezas. Assim como existem as regras de funcionamento da sociedade e das leis. Mas definitivamente, as leis são instrumentos da burguesia, e a liberdade vai além de minha vontade de fazer as coisas.
O que é minha liberdade? É a inteligência da consciência onde determino minhas opções.
Pode ser que você fique inseguro, e que o profundo de ti mesmo lhe pareça raso demais, não é, estais ainda muito longe do que lhe foi concedido, há uma busca milenar, caminhe, e mantenha-se digno e de pé, atento, pois nem todos são nossos amigos. Mas não desconfie de todos, saiba como confiar. A disciplina, o dever para com os outros, a amizade e o respeito.
Você está aqui muito pelo seu relacionamento né? Te conheço meu amigo. Pare e pense na Grazi? Tenha liberdade para pensar, tu a amas, não duvide. É uma grande mulher!
Não seja estúpido demais, ela só te ama... Não seja estúpido.
Não pense que tens as resposta para o mundo, não tens, e não necessitas ainda.
Fique calmo, é um caminho que te prepara, te abre as portas mesmo.
Não sei o que vais a encontrar, mas confie. Tu não es um animal. Não pense em chamar.
Não queira fazer tudo ao mesmo tempo, e nem provar nada para ninguém, necessitas apenas de suas verdades, e de comungá-las com seus fraternos.
Claro que há o enfrentamento com seu inimigo, ele te espera, mas sebes que existem momentos em que podes encostar a cabeça ao meu ombro e chorar. Chorar desesperado meu menino.
Entre meus braços, não necessitas ser o homem que esperam que você seja. Sou seu amigo, pode contar comigo, não te abandonarei nunca, estou contigo. Existem outros a nos esperar, e nos encontraremos no dia da rebelião.
Mas hoje, podes chorar, permita-se, não serás um fraco por isso, te conheço e sei que tens uma força bonita e mal cuidada. Deves ser mais cuidadoso com ela, e o fato de chorar, não te fará menos forte. Não pense que isso é crime, não o é. É você com você mesmo, para depois com o mundo, num processo de ir e vir constante.
Existe o povo, existem vários intelectuais brilhantes, leia-os, viva com eles, comungue.
Não agora, não precisa sair desesperado.
Hoje não vai chegar ninguém especial, não espere, não crie ilusões.
Talvez alguns amigos, e talvez ninguém mesmo. Não és nenhum messias, és apenas um homem que quer saber para onde caminhar, e muito já o sabes, não que seja este o caminho correto, mas é o que lhe agrada e parece ter um coração.
Bem, qualquer coisa, estarei aqui, sempre, voltarei.
Não temas, a viagem não será eterna, não temas, isso já aconteceu antes.
Você vai começar a ver um monte de coisas que já se passaram, e a certeza de que algo muito misterioso se passa será inevitável, quase concreta, verás nos olhos das pessoas aquela chama de vida, um sol, ou não verá nada. Isso é o comportamento humano. As pessoas seguem estímulos, e você por estar em sensibilidade plena, perceberá isso com mais força. Mas não desperdice seu tempo querendo explicar-lhes, muitos escreveram livros sobre isso, e se quiser estudar mais, busque principalmente em meio aos capitalistas, que conhecem muito da subjetividade humana e incentivam os valores individualistas. Estude se for o caso, mas saiba contar com outros.
Abriste a porta, e não sabes muito bem o que vai entrar, é um enfrentamento, necessitas de força, sem raiva, respire, feche os olhos. Conte com você mesmo.
Aprenda muito!
Acertam-me um balaço!
Arranquem!
Carcomidos pelas bactérias comungadas em cáries, perfurações, canais e cavernas... gengivas expelindo pus! Engulo cada golfada de pústulas que explodiam... Minha boca apodrecida... já Minha língua esfarinhada!
Arranquem-me da boca minha própria lingua pestilenta...
Amo-os, amo-os até as últimas lágrimas, amo-os e revolto-me com minha terrível dor, amo-os e os arrebento... com meu mais profundo respeito, como parte integrante de minha essência, amo-os, são meus dentes. Mas triturem-os, quebrem-me todos, arranhem os esmaltes com os alicates. que pena, ama-os tanto, sei que necessito... mas adeus! A dor é insuportável, contorço-me, parece que meus nervos são penteados pelas rachaduras dos dentes que restam, como moluscos presos a uma concha que se desestrutura!
Amo-os, mas já não posso continuar com eles! Amo-os, mas me despeço com tristeza e muito alívio, apesar da dor imediata das marteladas sucessivas!
Que faço eu meu amor? Que faço, se ao entregar corpo, alma, pele, pensamentos, sonhos, queimando todos os navios, os mais minúsculos barcos, tive que partir... que faço... segui as convocações e chamados de nossa querida guerrilha, de nossos heróis, amados... embrutecidos mas ternos... entreguei assim, a própria sorte e enfim a vida... Melhor dizer: Esse malditos filhos da puta imperialistas, esses malditos diabos, eles arrancaram-me a vida...
Deixar para trás os cuidados comigo mesmo, impossível manter os hábitos de higiene e moral em meio ao tiroteio, pelas armas e pela falta total de condições. Que faço? que faço!? As dores, as agonias enormes da entrega, partir, deixar-te, que faço? Pergunto-me, desabo. Sem opções, só resistir nos resta... Sem outra via...
Só o combater nos eleva a categoria maior do ser humano! a luta para a liberdade! Porém animalizados pelas bestas inimigas, vorazes de toda nossa alma!
Entrego-me com o orgulho do combatente, com a força redobrada, mesmo sem as condições para isso...
Cortei os cabelos, tornei-me bruto, áspero...
Arrebento a cabeça de um inimigo, destroço-lhe com alegria os ossos de sua cabeça... Uma rajada de metralhadora me redime, Abro meu enorme sorriso banguela, e acerto mais três.
Alegria de os ver destroçados, numa ode a paz absoluta dos infernos...
mas meu amor, eu um dia reencontrarei seus cabelos cheirosos...
Um dia te abraçarei... e não tenho idéia de que me receberas, não tenho idéia, pois tenho certo que sou outro homem, mesmo que mantenha meu amor por ti, certo é que ele habitará para sempre debaixo de uma rocha gigante que caiu um cima de todos os sentimentos que carrego...
Acertam-me um balaço!
Alguma pergunta?
Na verdade, nesta hora, estava bem desatento, mas com minha velha timidez, fiquei com vergonha de dizer que não tinha entendido bulhufas do que o cara de branco terminara de dizer.
Na verdade, cheguei bastante atrasado, e dizem que este é um dos grandes problemas que se tem hoje em dia com a medicina moderna prolongando a vida de tantas pessoas.
Nem pude descansar, fui para um curso intensivo, tinha que rever todos os conceitos da vida moderna. Assumo que não li o livro inteiro, são muitas folhas e numa linguagem difícil demais, mas me emprestaram uma apostila que resumia bastante o conteúdo, disseram que não perdia a essência, era isso o que mais importava para mim.
Colei nos exames, mas o que importa... O fato é que estou aqui mais uma vez...
Antes de receber minha tarefa, pergunto para os amigos mais próximos e exponho minha situação. Eles estão na mesma barca furada... Não optaram por isso, não participaram conscientemente das decisões... Foram, e continuam indo...
Quem os comanda, qual o controle... Isso tudo eles sabem que existem, assim como eu, mas tão distantes de mudarem algo nas regras da estrutura do sistema, que acabam por respirarem fundo, baixarem a essas terras e iniciarem o processo da busca por sobrevivência.
Mas quando começo a pensar essas coisas, começo a ficar muito cansado, deve ser algum mecanismo de controle interno que envia sinais de estímulo contrário para interromperem minha linha de raciocínio. Não me importa, sei que hoje, essas linhas devem estar interrompidas, pois nunca cheguei tão longe no desenvolvimento dessas lembranças.
Agora começa a vir mais claro... o homem de branco...
A palestra... as aulas todas...
Eu chegando atrasado...
O livro cansativo...
Entorpeceram-me...
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agora, começa a vir amis cro
a lapestra..> as lutasssss todas
O livro cansativo
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Alguma pergunta?
Creio que professaremos...
sei que o busquei cogniscivamente,
no entanto deliro,
alerto que esta é a espécie mais crua de meu orgasmo
Meu peito aberto, minha coragem ensandecida
A umidade de meus pelos me denunciam,
Entumecidos eles me fumam por inteira...
Aviso que já não respondo por mim mesma,
Creio que professaremos...
É a fusão de meus desejos, ninguém desconfia...
Ele, pobre animal, é o que mais se distancia
Sei que muito se deve ao fato de eu ter aberto as portas
Permitido, um vampiro não penetra sin permisio
Outra parte se deve ao internato, primeiro pai de meus suspiros
E outros tantos que me entraram lentamente...
Tai chi, massagem tailandesa, insensos,
Nada se compara ao amor bruto de um cavalo
Helenos, Ezetaelenes, Farianos...
Acabale-mo-nos
E.L.N´s
Helenos, Ezetaelenes, Farianos...
Homens de ambos e todos os sexos
Acasale-mo-nos
Estrelas
Estradas
Que unam-se os extremos.
Enxadas
Inchadas as chagas
Chamadas.
Convocatória para a última batalha.
Dormidas
Dividicidas.
Traga o cigarro
Traga o cérebro
Estraga o que for perfeito.
Pisa no pé do prefeito
Prefere o que for feito á mão
Não somos produção em série
Não somos sérios
Nem múmias nos cemitérios, lápides
Somos feito a mão, lapidados
A alma em transe
O fim da melodia, o início da canção
Li uns livros,
A maioria das coisas que sei
Não sei... de onde vieram
A Universidade e a Fábrica
Não tenho escolha...
Sou a matéria prima... Elaborada de acordo com as necessidades de quem me multiplica... ou me esculpe, sem me fazer perder o sentido...
Replico... Me pinica a pele a sensação de desconforto... adormeço programadamente...
Desconfio... De nada suspeito...
Beijo meu namorado... hoje ele está tão frio...
A universidade me espera com suas fendas abertas...
Em chagas... doenças...
Nada me responsabiliza... sou a madrinha da bateria...
Passo bailando pelos rapazes, suspeitam de que estou no cio...
Nada, talvez eu seja a mais bela, sem saber que todas as outras desprezam a beleza, agora sou a matéria amorfa da natureza... pigarreando pelos botecos, esquecendo meu primeiro encontro.
Tenho muitas coisas na cabeça, e já sei que meu processo de produção frente ao computador é lento como o assobio do rio
Sim escrevo em outra lingua sem errar meu castelhano, sei que você é capaz de me entender, mesmo que sonhe palavras guturais, sei que tu me entendes a forma, a essência, mesmo que através desses fios eletrizados, posso ouvir o eco de uma magia azulada que me hiptotiza como as moscas enfeitiçadas, embruxaradas...
Milhões de fantasias me povoam, tenho uma musa pequenina, ladrona... que me rouba a paz e faz-me ser um herói de pano, que cabe em seus braços e me faz sentir me um dengoso burguês saltitando pela terra arada.
Sim, tenho uma palomita, que voa em braços alados... transgenia...
Confeito de palavras vãs e abstratas, não tenho muito a mostrar apenas a minha essência que não vale nada...
Metaliza-me
Sei que estás ai do outro lado...
Não precisa vir me visitar, não tenho remédio para suas dores...
Mas eu sei que me observa... sei, e não te convido...
Sei que desejas entrar na festa, mas não tens trajes...
Roubaste meu diário secreto, eu sei, mas não me descobriste...
Deixe aqui um comentário... meu diário roubado agora é público...
Te conheço pelo nome... tenho a epígrafe de sua lápide...
Deste corda num brinquedo, disparaste a o motor 2 tempos...
Salgo as carnes marmorizadas...
Há muito tempo que não resolvo os mistérios... e apenas sinto que eles me rodeiam, lindos e satisfeitos... saudáveis e atiçados...
Sei que vens me visitar quando durmo... sei que quando meus olhos se fecham, roubas-me os troféus e as medalhas...
Sei que me persegue... e que guardas o meu retrato sob um boneco de neve...
Estações se sucedem...
Por sob meus sonhos, escondo a densa camada de ferro...
Em forma de arco, projeto as asas de meus delírios. Mas os projeto!
Tens o nome que começa por duas linhas que se cruzam... tens um espírito que te ronda perto...
Sinto o bafo em meu pescoço, e sei que é lânguida a membrana que nos separam...
Tíbia é a sensação de enfarto...
Sei, meu amor, que se esconde atrás das cortinas... e buscas, tendenciar minhas escolhas... sei que em tendas, tentas seduzir os traços por essas folhas... Tentas ser o motivo de meus cadernos...
Sabes que sou de pedra... meus olhos não se desviam... mesmo que lambas as rugas de meu pescoço, e as dobras de mis falanges... Não me desmancho... não me derrete....
Sei que desejas ser a musa... ser a deusa... sei que desejas ser a última tentação de um cigano...
Sei que tens um mundo colorido... mas não consigo entrar nas fantasias...
Sei que mesmo sem os convites, vais entrar mesmo de penetra.
Vai lapidar minhas jazidas... e construir uma mina em meus impérios...
Vai extrair meus minérios... vai serrapelar meus abrigos usando esse mercúrio puro...
Metaliza-me!!!
Transformado em sua estátua, pago o preço de meu canto...
Sem cicatrizes, eu pareço quase perfeito, mas os primeiros habitantes desse reino, sabem que eu era bruto... e as veias de um metal antigo, percorrem a pele fina, camuflando-se sob a epiderme...
Sendo mais direto... sei que estais ai a me observar, sem nenhuma vergonha...
E essa é uma maneira de dar-te um recado!!!
Pelo espelho, há um diálogo... Me percebo em dois reflexos transparentes...
Te observo, a limpar os dentes... e dedilhar a navalha!
Agora, vais saindo devagar, distraindo meu cerebelo!
Vais bailando como cigana etrusca...
Deixa passar mais esse cavalo encilhado...
O Sol não se ofusca...
As Cavernas
As cavernas nos atraem, como os horizontes tão largos... como os barcos...
Existe uma caverna aqui embaixo... entro nela sem medo... sigo até uma parte do caminho... sinto paz, sinto paz e um cheiro amargo de musgo... deito nas pedras frias, sem lanterna, me acomodo por sobre as pedras... Ainda existe luz do outro lado.
Me aproximo da parte mais escura, em direção às trevas...
Vou tateando a laje, as paredes gordas, enchendo minhas mãos de umidade e limo...
Mas não vejo... tateio...
Luz alguma, escuridão espessa, grossa, meu olhar se aperta, nada filtra...
O silencio persegue o eco de meus passos, e minha respiração é um único decibel que existe, e o som de algumas gotas que caem, sem ser vista... uma orquestra, uma sinfonia...
Não há como saber de todas as câmaras, nem das menores galerias. Se afundando ela vai sem fim, seguindo num labirinto, que percorro abandonado de luz... e de mim. Não vejo as passagens possíveis, não percebo opções de corredores aos milhares... se existe alguma bifurcação? Não sei, sigo apenas na linha torta das portas que nem sei se abro...
Se existem todas as tais galerias, sei que estou num lugar mais amplo e aberto quando o eco de minha respiração demora mais para voltar aos meus ouvidos... percebo o funcionamento dos radares dos submarinos...
São caminhos únicos... Não! Não existe luz alguma mesmo, submerjo... e meus olhos abrem-se dilatados... e os faróis apagados, e nem um único fósforo...
A caverna se prolonga.. eu por ela... me aprofundo...
Nada é raso...
Poças pelo piso... Alagam meus pés que se enrugam, como caramujos... Contudo, me sinto bem por aqui! Uma paz lateral, no lado esquerdo do cérebro... Imperturbável...
Descanso meus pensamentos, e sigo erguendo os braços para não estalar a cabeça nalguma ponta de pedra... cheiros, sons, tato, frio, água, cegueira...
A caverna vai me pondo num transe, vai me hipnotizando os instintos... E prossigo nos passos, não descanso... bato palmas... verto sangue... creio que quase mênstruo...
Não encontro sinal de luz, como aquelas cavernas de filmes em que um raio azul penetra por uma fenda depositando-se numa lagoa infinita, cheia de moedas e ao fundo uma cruz...
Não encontro essa fenda, não encontro esse feixe... nada que reluz, os tesouros, se existem, não existem para um cego...
Lama entre os dedos... e aquele cheiro de fezes antigas de morcego, como o cheiro de galpões abandonados... Aquela poeira úmida se misturando aos lábios, e a boca seca de tanto cuspir essa matéria arenosa e fedida que vai percolando à meus pelos... como pérolas.
Sinto que caminho curvo, com a coluna torta... ao contrário de quem se ergue, diminuo meu tamanho, evito esbarros... Corcunda a caminhar estreito...
Estou sujo... como envolvido numa placenta... Mas não me sinto desconfortável... sento-me na escuridão... respiro fundo... aspiro todo o ar que posso, o que possuo é esse senso, enferrujado por falta de uso, esse senso de direção confuso no meio do labirinto...
Não me importa se saio daqui com vida... penso ter encontrado um bom lugar para devolver meu barro... e ser sorvido pelo calcário... Sigo como numa pista de dança, bailo... e meus passos rodopiam pelo salão... lúcidos!
Um grilo pula em minha perna... ou um percevejo, um besouro talvez, tem uma carapaça dura... Um cheiro de erva antiga possui a virgindade de minhas narinas... E todos se misturam de fato...
Sinto-me puro talvez, como num útero...
Chupo uma pedra para enganar a sede... (o beijo amigo, é a véspera do escarro) e depois mastigo aquele resto de calcário duro que quebra nos dentes da boca imunda...
Minhas canelas se inundam... e nos pelos de minha perna, embaraçam talvez, sanguessugas... estou nu, desprotegido da estúpida intimidade burguesa... na cabeça de meu órgão crescem verrugas...
Penso que o correto, é que deveria estar assustado, frágil, talvez amedrontado... mas sei que estou calmo como um cavalo num pasto, ou uma tartaruga... Percebo a matéria da qual sou feito... é mais dura que meu pensamento...
Espinhos me furam os olhos, ou talvez sejam pregos, mas não me importa, creio que já nasci cego...
Sigo...
Que caminho retorcido colocaram a minha frente, quantas galerias gigantes me perseguem... Chupo outra pedra... e não tenho relógio!
Olho para dentro de meu instinto... sinto as rugas de minha mão... sinto os rasgos que me fizeram...
A caverna me traga como um cigarro... um trago de fumaça dança na consciência... percorro-lhe a laringe obtusa... e o pulmão bizarro me expele...
O grilo-besouro continua no meu calço... agora, já é meu amigo!
Nem um vento eu sinto, que talvez me servisse de mapa, nem barbante de Teseu me orienta... nem uma estrela impossível, nem astrolábio. Minha imaginação esbarra num minotauro... Que logo abandono, por falta de provas concretas...
A temperatura constante de uma caverna é sempre a média da temperatura anual da região, ad eternum! Já não sinto frio...
O minotauro, se existe, só existe para os cegos...
Uma fumaça branca se percebe, uma névoa se esparrama... como espermas...
Um bafo quente jorra em meu rosto... como um orgasmo...
Volto meus olhos para o que seria uma esperança... ou uma árvore...
Saio mais inteiro, passo meu corpo esguio por uma fresta de raíz estreita...
O Sol gigantesco a me chamar pelo nome... talvez lo sea el final del reto...
Como sair de uma vulva, ou o parto antecipado que expulsa o feto...
A luz também me cega...
E agora, do outro lado, com a coluna ereta, projeto minha cabeça erguida para o horizonte, avante, como ser levado pelo vento... e meu grito se dilata pelas colinas...
E... Uma nuvem se formou, estaciona em sobra como tempestade que chega mansa...
A noite se aproxima, a noite tão velha me deita...
Meus cabelos ao travesseiro... Depois de tocar e arranhar a matéria da qual sou feito... Sei que já não sou o mesmo, heróico, fecho os olhos pequeninos... e atrás da pálpebra fina, volto para a mesma caverna!
Os tesouros, se existem, são feitos dessa mesma matéria!