30 de junho de 2025

 (Tenho que terminar e melhorar as ideias)

Eu, sendo empático com Deus...

Eu, sendo empático com Deus,
coloco-me em seu lugar... e penso no fato:

Como, sendo Pai de bilhões,
jogaria um único filho aos tubarões —
só pra depois, no último ato, salvá-lo?

Eu, sendo Deus, refletiria:

Com todo o poder que me cabe,
por que utilizar o medo, a culpa,
quando não me escutam,
quando não seguem meus conselhos?

Deixar que um filho erre — e ainda assim o julgar,
sem nunca lhe educar com método, ética, amor?
Tendo tanto poder, escolher às vezes a dor,
para mostrar-lhe os efeitos da desobediência?

Como assim?
Sendo um Pai capaz de toda ciência,
não utilizar paciência, respeito e carinho?
Mas não... prefiro julgar, ameaçar com espinhos,
exigir penitência, condenar quem não me aceita.

Agora, eu, humano, pai de dois filhos,
num pensamento moderno...
olho pros meninos e penso:
por mais que enlouqueçam,
jamais, jamais os abandonarei ao inferno!

Dar-lhes passagem sem volta
pra perto do Fedorento?

Como assim?
Sendo um Pai, punir meus rebentos
por uma mordida num fruto? (do conhecimento...)

Criar o veneno, o erro, o tormento,
pra testá-los em guerra e sofrimento?

Ah, não.
Essa história não convence.

Um Deus onipresente,
que, vendo um filho cair,
não cede o braço potente,
não oferece o elixir...

Por que não educa, abraça, carrega?
Por que não estuda um meio mais leve?
Por que não guia a mão?

Que Pai é esse? —
O menino, abandonado, atravessa a rua...
bêbado, cambaleando,
os caminhões buzinando...
e o Pai, sorrindo em desleixo?

O Senhor dos Destinos te espera,
faz invernos e primaveras...
Ancestral mais que ancião.

Supostamente é um sábio — tudo de bom lhe pertence.
O mal? Ah, o mal é do Diabo...
Fácil assim ser Deus:
fazer o filho, abandoná-lo,
criar um mapa secreto do tesouro
para o Reino dos Céus.

Seria um Pai... ou um Pastor?
Quer homens... ou deseja ovelhas?

Quer apagar as centelhas
que aprendemos a criar?

Como assim...
ser tão amado e temido
por um filho desprotegido
que ora por salvação?

Salvar-me do quê, Senhor Pai?
Que crime eu cometi?

Se meu filho me diz:
“Eu gozei... eu sorri...
eu roubei... eu falhei” —
muitos crimes ele cometeu.

E sendo pai... o que faço?

Abandono-o ao...?

Não.

Eu, filho da Terra, tropeçando entre pedras e abismos,
salvei-me sozinho.
Não por orgulho...
mas por amor à vida que me deste.

Aprendi a colher abrigo no caos,
a tirar beleza do pranto,
a construir com as sobras do abandono
uma ponte até o amanhã.

E por isso —
obrigado, Pai.

Por mais torta que tenha sido tua mão,
ainda assim, moldou-me o sopro.
E com esse sopro, eu criei lume.
E com esse lume, fiz lar.

Mas se me escutas agora,
como filho que não te teme — mas te compreende,
te deixo um conselho,
não como súdito...
mas como um homem que amou no escuro:

Da próxima vez que fizer um mundo,
fica por perto.
Ensina com afeto.
E ouve o choro dos teus —
não como sentença,
mas como convite.

Porque até um filho perdido
pode ser farol...
se o Pai um dia quiser voltar pra casa.

She Hates My Poems (A Country Lament)

 She Hates My Poems

She says they tire her, make her dizzy,
Shuts down my rhymes with looks so icy.
"Go weed the field!""Put down that pen!"
"Tend to the hogs—that’s cash, my friend!"

She sways off sideways, boots a-kickin’,
Straight to the barn, no time for listenin’.
"Oh, honey, quit it, you’re so borin’!"
Yawns like the dawn, no use implorin’.

"Mix sand ‘n’ gravel, stack them bricks tight!"
"Supper won’t cook itself tonight!"
"Chop the meat, spice it right—
Drop them daydreams, boy, ain’t polite."

I sneak a stanza, soft ‘n’ low…
But hush my mouth when she says so.
"Your boy can’t spell his ABCs!"
"Forget the stars—tend to them trees!"

She grips a candle, scrubs the plates,
Drives nails hard, won’t tolerate
Ghosts ‘n’ whims—"Ain’t got the time!"
Yet in my chest, the lines still chime…

Then late at night, her voice turns sweet:
"Come lie here, darlin’, hold me neat."
"Kiss my neck, oh, that’s the rhyme…"
I melt—her love’s the perfect line.

"Poems on paper? No, I jest."
"The best ones move—so gimme flesh!"
"The kind that sweats, that builds, that sows,
That tends the home, the heart, the rows,

That plants a seed, that teaches Junior,
That loves his wife—hell, that’s the tune, sir!
That’s the song—right, raw, ‘n’ true…*
The only poem worth a damn is you."

Ela odeia os poemas!

Ela odeia os poemas,

Me diz que as cansa ou tonteia

Reprime as pobres rimas

Fazendo as caretas mais feias.

– Em vez disso, vá carpir mato!

– Larga da pena!

– Cuida dos porcos, que dá mais dinheiro!

Ela rebola saindo de lado!

Vai reto para o chiqueiro!

– Ah, meu querido, que chato!

Diz ela, sempre sincera e boceja.

– Peneira um pouco de areia!

– Mistura com pedra e cimento!

– Tijolo alinhado e perfeito!

Ela odeia poemas!

– Ajuda na janta, marido!

– Corta a carne, tempera!

E imperativa decreta:

– Esquece esses devaneios!

Eu, de soslaio, ensaio estrofes...

E logo me calo completo…

– Teu filho aguarda um cuidado!

– Mal sabe do alfabeto!

– Gagueja no abecedário...

Larga as estrelas, Marcelo!

Ela segura uma vela!

Lava, cozinha e trabalha!

Martela na tábua, um prego!

Num grito, espanta fantasmas.

Fantasia é um desrespeito!

Repito o poema em meu peito,

Suspiro no quarto inquieto.

Ah, meu poeta! Ela diz:

– Deita ao meu lado!

– Faz a carícia, beija meu colo!

– Ai, que delícia...

Deliro em deleite!

Enfim... a calma nos deita.

Ela me diz bem mansinha!

- Poema de verso, detesto!

- Eu gosto da rima no gesto!

Daquela escrita com corpo

Suado, que marca o espaço


Que cuida da casa, da alma, da lida!

Que planta na Terra um pouco de vida

Que carpe a erva do milho

Que senta ao lado do filho e ensina

Que deita ao lado da esposa e ama! 


é meu poeta perfeito!