12 de dezembro de 2011

Dr. Jekyll: Pb > Au


Persiste o Etrusco no sangue bruto,
Busca a resposta encravada em dupla
Hélice. Bruxuleia alquímica lanterna,
A mirada assusta se o estribo vibra ao sinal que escuta:
“- Bebe do cálice!”

A epiderme grita ao escorrer nas coxas
A matéria amorfa que precede a vida
Nos belisca a garra da tragédia humana,
Odalisca afrouxa o quadril que dança!
“- Suga da música!”

Castiga a torre, cede o castelo, o desejo clama!
Quando o passo cansa e o olhar embaça,
Força-te ao braço que sustenta o barco! Surgem escamas...
Incendeia a flecha que te alveja o corpo!
“- Deja la máscara!”

O uivar lupino vem oportuno acender a chama.
Balançando o berço, o acalentar tranqüilo
que amamenta Roma... Meu cavalo escuma
e pisoteia o pasto. Rodar a fortuna com a mesma pata! Carmina Burana!
“- Dispa da túnica!”

O tambor palpita ao sopé do abismo, aborígenes
Caçam marsupiais dos istmos. Unem penínsulas
Ao continente. Usurpa ao urso ou ao lagarto
A língua bífida! Descer degraus na escala ígnea...
“- Cava um buraco!”

Beija ao inseto, maneja a célula, retoma o mapa
Do elemento químico, controla o átomo, fira a hemácia
Mói a molécula, maquia a face, modela a massa,
Retorne a sala do hotel. Tranqüilo... Ela não viu!  
“- Abra um sorriso! Dr. Jekyll

9 de dezembro de 2011

Cavaleiro de Copas

Tiraste de Perseu o seu escudo
Do reflexo da medusa não tens medo
A coragem da inocência é o remédio
Contra a sombra abstrata do absurdo

Vieste em vestido de festa ao rochedo
Teu colírio jogas fora, não precisa.
Precipício abre a boca implorando
Sacrifícios seculares, tu cozinhas um coelho!

A leveza de seus passos é levedo
De cerveja aos monogástricos, brilha os pelos...
São fantásticos os fogos de artifícios

Que explodem quando passas em meu peito
A coragem que incitas quando brincas
Faz mais forte o pai que busca por emprego!

É minha filha a heroína do enredo!

Belo Monte

Tenho um vulcão de lava fervente
Comprimido num tubo de pasta de dente
É meu peito explosivo e palpitante
Picareta marretando a dinamite

Furacão que rodopia a cabeleira
Borboleta na neblina, Cachoeira
Represada, Belo Monte assassina
Tenho a fúria mal dormida e mal domada

Natureza dominada atrás da roupa
Confortável no inferno faço a barba
Trago poucos impropérios além da raiva

A beleza aprisionada na falésia
O pavio encurtado à navalha
A falácia alivia, mas não salva!


1 de dezembro de 2011

Gilliat e Deruchete


Naufrágios sao frágeis para seus braços,
Trabalha na gávea, na proa, no mastro, vai farto!
Confia Gilliat em seu esforço, assusta-se e dança!
Engole a onda, a longitude, lasca de lenha balança e
Durande, vapor velho, encalha um parto no vácuo...

Eterna ventosa lambe a chaga, labuta infinita
Chacoalha o oceano o casco da pança, gaivota...
A âncora engasga, em asma o fole, trapaça gravita...
Devaneia Deruchete no balanço, serenata na infância...
Persista!

Bonnie Dundee é conforto ao desespero. Sua herança
tem os nervos como cego nevoeiro, beija e cansa
Vai marinho, cavalgar a tempestade... toma as rédeas!

O herói deixou um marco em meu peito, como nódoa
Latejando de profícua lealdade ao que planeja, o marujo que gargalha...
Que suspeito ser o mesmo que trabalha... ou quem ara

Quem areja com esforço a sutileza desta terra, a natureza
Não aceita que marés devorem braços que operam...
Nada, nada, bate as asas, já sangraste em demasia pela praia
O castelo de areia cede ao vento mais eterno!