Ah camaradas... Vindo de minha última viagem, vim percorrendo, junto com a estrada, algumas curvas de meu pensamento...
E que títulos nos colocam, e que figuras nos seduzem...
Fui conversar um pouco com meu alterego... E tentar perceber quem eram, o que pensavam, quais seus desejos...
Penso que algumas figuras nos apaixonam, nos seduzem, nos hipnotizam, nos embalam...
O que seria então a figura de um cavalo branco ao luar... em meio a uma tempestade... correndo por entre os pastos... relinchando, e sua fêmea no cio... Sim, sáo simbolos que seduzem meu pensamento... E trazem o antigo cheiro de liberdade... o cheiro de musgo, o cheiro de pedra molhada... E trazem os ventos de coisas selvagens, que náo dominamos... que nos arrebatam...
E conversei ainda, com aquelas memórias mais limpas... que vem assaltando qualquer vestígio de razão... E deixei que meus pensamentos visitassem as cavernas mais profundas de mim mesmo... e fui percorrendo o caminho dos últimos tigres que ainda existem dentro de mim...
E ao conversar com esses tigres, percebi que muitos deles envelheceram desde a última vez que os segui... E vi que seus passos não são mais tão ligeiros...
Ah meus amigos, mas permanecem todos, todos livres... E me habitam...
E encontrei um homem de mãos envelhecidas, e olhar profundo... que me assobiava uma canción del tiempo del comandante Zapata...
Quantos homens existem dentro de mim... quantos me seduzem... quantos, realmente determinam meus passos??
E sigo, ainda sem saber as respostas, mas sempre, sem saber a resposta, seguiremos todos...
Escrevo mesmo, para que flua por dentro de mim, os últimos pensamentos de um homem cansado de tanta guerra...
Escrevo para que ferva dentro de mim, todas as águas, e que esterelize essas chagas tão profundas...
Escrevo para que fecunde dentro de mim, aqueles tigres antigos... e que as éguas ainda no cio, se reproduzam, nas noites brancas de liberdade...
Como seria o carinho dos braços da mãe mais plena... Como seria?
Como seria então o carinho das plumas mais bonitas... Deito-me naquele macio de relva... deito minhas armaduras... descanso por tudo que seja eterno... e respiro profundo e sério...
Miro o horizonte, e vejo que as tempestades ainda demoram a chegar, ao menos um século!
Dorme meu filho, dorme, que tua mãe te observa, cuida de teu sono, meu pequeno guerreiro tão distraído! Dorme querido... sossega!
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