3 de abril de 2010

as lágrimas corretas...

Hoje, que venham para o brinde, todos os poetas... e glória aos guerrilheiros...
Dançam na cabana os marinheiros... e sobre as obras derradeiras, pisam os centauros...
Que venham para a festa os literários, todos os tipos da raça e os lixeiros, mas que tragam as bazucas azeitadas...
Que venham as musas com cachorros perdigueiros...
Mas nenhuma mágica vai se desdobrar no pátio...
Esparramo no terreno, apenas as obras perfeitas... e mal acabadas, as lágrimas corretas...
Hoje venham para a valsa, os vampiros... a noite é de festa... e temos a seresta como mágoa a ser desfeita...
Desfruta então as músicas dos sinos... E rasga as telas de arabesto...
Deságua a eterna mágica do leito... e faz que as cicatrizes se desmanchem em delírio...
Pega o copo, enche sua taça deste vinho...
Seco! Eu decido...
Hoje, sei que finda a última batalha, e o jovem Werther anuncia o suicídio!
Wilhelm Meister se descobre apaixonado, ou como títere ainda se acredita divertido...
Vamos, vamos colher os limões galegos... azedos como o suor de diabos... as escamas da medusa me dão medo...
Balsa... com V mudo me assaltam os passageiros...
Nada tenho que me traga um romance mosqueteiro... capa & espada... nada tenho que me arraste ao mundo inteiro...
Dom Quixote se envelhece num barraco, num barranco escondo os lábios desperfeitos...
Desperta a música no pátio... eu, assim, descabelado, vou sonhando sem um sol que me alimente...
Nessa noite, temos brasas nos sapatos... e trazer uma cantiga que embale os homens bêbados...
Todos os heróis já vomitaram...
Agora, resta ver a verdade direito... com tato, apalpar as poucas medalhas no peito...
Como cegos, acordar sem as trombetas... nada tem de eterno essas palavras no caderno...
Nada tem de milagre... meu vinho já tem gosto de vinagre...
O Pão embolorado, se desbota sem Van Gogh pincelado... e tem o gosto antigo da fumaça de ervas proibidas...
Eu volto meu olhar para o lado mais calmo das estátuas... e sei que as patas do centauro ainda cavalgam ligeiras pelo asfalto...
Senta-te a meu lado, estende-me a mão... peça-me um abraço...
Vou na velocidade da lama, que é lenta, mas engana...
Vou em direção diferente... do que antes eu tinha em mente...
Meu sêmen se acumula latente... sem disfarce...
As sementes das quaresmas, estraçalham as vidraças...
Nada mente... apenas se floreia o caminho dessa vida sem jardim...
Venham mesmo, todos os poetas... venham a mim...
Minha lavoura vos espera! Minha terra...
Mas nenhuma mágica, nenhum milagre, nem nesta e nem em todas as noites futuras...
Marx nos alerta... Que fujam todos os poetas... para os campos de produção sem fim... que finjam ao menos, trabalhar sobre a matéria...
Marx nos liberta... de ser sempre a mesma histeria... Que fujam para a história os anacletas
Nada tem fim... nem a mão que me embala, nem nossa grande muralha... nem a marcha de Mao timoneiro... Nada tem fim... Nem a dor antiga que não cicatriza direito...
Nada tem fim... e nem começo...

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