29 de janeiro de 2011

Don Durito




Venho cá nesta fonte
Com as mãos formadas em conchas
Buscar um recheio de água
Que preencha de espuma
E de confiança que falta

Venho cá nesta fonte
sugar néctar que necessito
(Inspiração ou afeto)
engarrafar a ferida
alimentar a fornalha
Portinari retirante e clandestino
agachado em meu leito, pede água

Venho cá nesta fonte...
Tão humilde quanto escravo
Descrevo os olhos que tenho
Escaravelhos são sábios

Venho cá nesta fonte
Co’ a alma arqueada em cunha
Arrancar com as unhas
ou garras
Molécula d’água agarrada
eletricamente ao átomo

Do jorro que sobra
Encho a jarra vazia
Dou de beber ao cachorro

Deixo que o vento me invada
Enxadas na propriedade privada
de vida...

Venho cá nesta fonte
para matar a sede
Dar de comer ao homem

E nada mais...

3 comentários:

  1. "Enxá" a jarra vazia.
    Dê de comer ao homem.
    E tudo mais...
    Muito mais...

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  2. Deixo que o vento me invada
    Enchadas na propriedade privada
    de vida...

    vc usa das palavras para falar algo nao sei se consciente ou nao que tem um poder de reflexao com duplo sentido acho isso muito bacana parabens !!!


    lu

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  3. De cara vou te dizer: gostei muito da apresentação geral do seu blog, limpo, bonito e com boas imagens. Qt aos textos: adorei o "Não são pássaros, nem anjos" e esse aq é boooom demais. Vou continuar lendo os outros. Qd for impossível não comentar, eu comento.

    Bjs

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