23 de dezembro de 2010

Os velhos me dão medo

Os velhos me dao muito medo,
porque sempre dizem coisas de arrependimento
a respeito do tempo!
Do tempo que não viveram,
do tempo que não curtiram!
Deus do Céu, e dizem para sermos perfeitos!
Para sermos mais leves e menos preocupados com dinheiro!
Para vivermos intensamente o que eles não puderam!
Como o pai que cobra ao filho para ser campeao de tudo!
Dá-lhe pressão de fantasmas!
Exatamente!! Fantasmas do que não foram!
E pesam sobre nós como ídolos!
Velhos são mesmo fantasmas
E fantasmas me dão medo!
E fantasmas nos habitam!

Prometo que quando eu for velho, ...
Farei como ensinaram...
Bom... prometo...
Prometo assustar meus filhos!

19 de dezembro de 2010

Quanta neve...

Quem és tu que se traveste!
Pelas frestas do espelho, quem te espia?
Que pústulas, que pestes te esporulam?
Verrugas verdugas da pele!
Ver dura sua epiderme!
Quanto anuro, quanto verme
que te consome!
Quantos anfíbios te bebem!
Sao girinos que te geram!
Não te extingues... não és homem...
Quanta neve...
Quanta neve...

Meu terno

Me cansam os hommo sapiens
Me enjoam...
Visto meu terno
acerto o óculos,
Ao homem me assemelho
Semeio meu semen
Esporos que se esperam
Esperma que se esparrama
Que ao homem se assemelha!

Centauro

No outono apago as velas
O eterno cavalo que me carrega
De novo cobrirá a égua,
sem dono, sem trono, sem trégua...
Sem régua, sem regra, sem sono!
...Sem dona, nem doma, centauro,
Por séculos, bucéfalos agrários!
Colostro sem rosto, sem sela, sem rastro...
Esperam por meu esperma,
por todas as primaveras, eternas!
Invernas!

13 de dezembro de 2010

Estudando...

Veja as coisas como são em realidade, veja as coisas como são...
Se atente com os olhos calmos, tudo se revela...
As estações, e todas as primaveras...
Tem inverno e verão... Outro ano, nem outono se percebe!!
Nem tudo são espirais perfeitas, tem espaços vazios no castelo!



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Quem empurra a vontade é o estomago...
Quem fabrica os sonhos, é a máquina...
São as fadas, prisioneiras da mecânica!
Os desejos se acorrentam à verdade...

Quem decreta o sonho, é senhor da realidade...
Quem se deita com mistérios, por inteiro não se revela...
Quem ensina o pensamento é a matéria.
Quem muito tranqüilo se deita, tem a dispensa completa

Quem alimenta as fantasias, é o concreto do dia a dia
Quem domina seus impulsos é o instinto...
Meu menino, quanta bobagem te disseram no colégio!

Que vontade, que sonho, qual a fada te acompanha?
Que desejo, que mistério, pensamentos... que miséria
Meu menino, poesia é da morte, o sacrilégio!



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Estou triste meu amigo, estou triste e sei que passa!
Estou mesmo sem a graça do sorriso, sem a massa preparada!
Meu sentido já não sabe o que deseja,
Nem o que desaba
meu gracejo não dispara meia bala!
Estou sem jeito de palhaço, sem meu circo!
Sem amigo, vou dormindo nessa praça!
Não respiro, não espero...
Sem mistérios acabo o livro, encerro a peça
Estou mesmo desistindo meu cumpadre, estou atormentando os pombos!
Desanimado... nem é tédio, não é mágoa
Assim, como quem cruza os braços,
Ou assim como quem acusa a colombina...
Nem sou grande nem pequeno, e não caibo no quadrado!
A família se enquadra num retrato!
Estou triste meu amigo, e sei que é primavera...
E muitos se enamoram pelo pátio!
Meu castelo dissolvido no boteco!
Estou mesmo arrasado, fortalezas rebaixadas sem um tiro...
As bandeiras desbotadas, as fadas despedidas...
A ultima nota da musica invisível...
Insensível a epiderme se enruga
Tartaruga que se fecha ao ataque
Maquiagem que derrete... Eu desmaio!
Sou a sombra de alguém que baila, sou a jaula!
Estou mesmo em desconsolo, sem camisa pela neve!

Me entorpeço... me esqueço, essa é a minha vontade de derrota...
Quanta coisa se perde em absoluto!
Quanta coisa...


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Grande força de vontade demonstraste meu menino...
Que vergonha pra família, que falta de verdade!
Te ironizo com o desprezo dos mercados, te escravizo! sou o padre!
Não me importa o seu choro de covarde,
não me importa sua dor de perdedor, sua historia esta manchada!
Deves saber que vida é curta, e que sua passagem foi medíocre,
Nada que valha a pena, sua imagem é vazia, invisível à valores.
Tenho nojo impossível, não encontro mais palavras...




Preparo o ambiente, acendo as velas e os incensos,
Visto a roupa mais bela, meu traje mais elegante,
Arrumo a gravata e o chapéu, desço a mão em respeito,
Coloco a mesa, os talheres, o pano!

Meia luz para meias verdades, o vinho na temperatura do frio!
A multidão silencia no pátio,
Tudo transpira, eu acalmo o coração palpitado!
Respiro em busca de inspiração, medito!
Buda me dita uns versos, escuto outros provérbios!

Meus ombros trafegam na névoa, assim que eu me distraio!
Outro gole no gás amargo, outra grande idéia morrendo sem rastro!
Meu cigarro se apaga sem memória...
Desfaleço, cambaleio, não sou destro!
Me tropeço sem amigos, não me meço...
Quem merece toda a água de meu pranto?
Quem merece o meu lenço ensopado?
Quem merece minha chaga, minha mágoa, minha história!?
Quem merece minha ausência dolorida, minha dúvida abstrata, a vontade absurda!
Quem espera que eu seque suas lágrimas? Quem impede?
Quem me pede um abraço?

Quantos rostos cabem em meu álbum, quantas pernas caminharam em meus versos!

Quanta trégua conquistada sem a guerra, quanta chuva acumulada, quanta neve!

Tempestades, sem estrelas... não me espere!

O tempo anoitece em meus olhos, acendo a fogueira, cadentes os astros me atropelam!


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Quem bate à porta?
Quem?
Atendo com alguma ressalva, com algum pressentimento que hoje a felicidade vem me buscar! Quem?
Quem do outro lado me espia!? Pelo vidro cristalino alguém me espreita! Tiro a roup, desço o pano, cai a chave pela fenda!
Me desvenda!
Quem?
Quem atende o telefone, outra voz além da minha!
Minha tenda!
Vem descendo na garrafa de meus dias, vem trazendo desbotadas melancolias!
Eu abri a melancia quando à água me benzia!
Assim, sacerdote Malaquias vem à porta!


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1 de junho de 2010

Vou a guerra meus amigos, se preparem!
Vou erguer minha bandeira colorida!
Escrever minha mensagem perseguida!
Vou a guerra meus amigos! Me exercito!

Declaro inimigos todos que maltrataram
A flor que nasceu do trabalho

Disciplina de guerreiro, o mundo em brasa!
Tenho um Deus particular dentro do peito!
Vou correr ate sangrar meus tornozelos!
Vou armar minha fragata de morteiros!

Não tem trégua, bando de covardes!
Não tem paz que se construa no conflito!
Tem a bomba instalada na memória!
Tem a canga tonelada na corcunda!

Tem a cova esperando meu lamento
Tem a cobra, me sugando o leite
Tem o dente que trincado se amontoa
A guerra que não quero, mas me chama

Expulsaram o animal do paraíso
Talhado a machado, a guerra me machuca!
Devolvo cada fenda, ofenderam as oferendas!
Devorada cada orelha, arrebentaram meus meninos!

Não esperem que eu venha todinho travestido de bom moço!
Não, não me amem!
Não me venham com a paz dos cemitérios!
Não esperem que eu me enterre por vontade própria!

A vida lateja em meu sêmen
Vou a guerra meus amigos, buscar o que me é de direito...
Ao mundo que me engole,
Deixo a pele parecer macia, viro verme.
A língua que me amassa o verbo me persegue.

Un hueco largo y profundo me consome
Cai assim meu sonho delirante, embebido
Em álcool, vazando pela areia de meus dedos

Sou a gosma, amorfa e sem vontade
Aprendi pedir perdão pelos pecados
Nos porões me arrasto sem segredo
Digerindo o ferro das algemas, cadeados.

Apagaram a luz, esqueceram meus desejos
Aguardo a vontade do império, obedeço
Em meus olhos apenas a cegueira catarata
Em meu peito, a tristeza da gaiola, um afresco!

Um ar fresco!

26 de abril de 2010

Trabalhando e aprendendo

Meu trabalho na região Leste de MG junto aos camponeses e camponesas... Fizemos essa viagem para Iconha no Espírito Santo, passamos 2 dias trabalhando e aprendendo numa comunidade de imigrantes Italiano e depois fomos para a Feira Agroecológica em Vila Velha... Aproveitamos para levar os camponeses para conhecer a praia, porque muitos ainda não conheciam o mar...
Um trabalho muito legal e gratificante...

18 de abril de 2010

O alvo ta claro...

Volto a deixar aqui meus vestígios...
Deixo pegadas que nada persegue...
E nem percebem as ondas que faço...
Não repreendem nem meus litígios...
Meus rios correm mansos por seus destinos...

Desapercebido, sou a sombra que saboreia os restos...
Como a sereia, que sem partitura se perde na feira...
Os estivadores e os marinheiros não a desejam...
Como o vampiro que vende veículos no varejo...

Ou como ciclopes que em Enciclopédias se multiplicam...
Ainda tenho amigos que não voltaram: os denomino:




Venham sim, hoje é dia de abrir as porteiras...
Vamos assim, inundar de sementes os campos improdutivos...
Irradiar esse sol que trazemos peito, que temos ativo!
Nossa granada, que vem de uma era repleta de grãos,
Como a espiga granada... rellena!

Venham famílias, mulheres, ancianos, ocupem...
Assaltem aos céus dos Deuses desesperados...
Ergam bandeiras, aqui há um vazio...
Descubram cada espaço estéril...

Desvendem os mistérios da força dos latifúndios...
Enraizados estão na raiva de um povo!
Os fazendeiros são portugueses ainda...
Declaro aqui, meu ódio aos maçons e aos lions club...
De antigos costumes imundos, ainda estupram mucambas...
Ainda se educam no sangue da classe operária!

Venham, destruam essa ordem perfeita...
A porteira de ouro da classe burguesa...
Declaro aqui minha ira fecunda...
E peço forças para esmagar cada injustiça...
Não vou pedir paz, quero a guerra, quero a chama de cada batalha...
Quero que ardam em cada fogueira aqueles que nos queimaram a vida inteira...
Olho por olho... dente por dente...
Fui educado com um colar de bombas...
Não peço que me compreendam...

Desejo o sangue, beber cada hemoglobina de meus inimigos...
Os cristãos durante séculos nos machucaram...
Sangraram cada virgindade de nossas meninas!!!
Queriam ver se um negro tem alma...
Queriam saber se um índio reclama...
Quero pintar com minhas fezes, cada museu de imagem...
Quero morte aos patrões... na pré história da humanidade eu lhes enterro
Quero que Exu, me domine... que Ogum abençoe cada bala de meu fuzil
Quero que morram de câncer os filhos de quem nos encharca de veneno todos um dia um pouco!
Quero ver os olhos cegos, entorpecidos, o cérebro louco de meus inimigos...
Eu declaro guerra a quem finge me amar...
Tenho e pertenço a uma CLASSE, que morram todos os pós-modernos...
Pego Mao Tse Tung e me protejo...
Que me persigam, vou foragido pelas fronteiras...
Alguém tem que chamar as coisas pelo nome certo!
Sou voluntário...
Me apedrejem então, quem for o mais forte...
Não tenho medo!
Sei que a massa um dia atropela seus verdugos...
Ah e nesse dia, seremos todos dias de festa

Temos logo que erguer nossos exércitos. Unifica-los...
Preparar para a batalha que já é a cada dia... e perdemos sempre um pouco...
Acumulando rebeldia!

Quero pegar na metralha... atirar com vontade sobre cada guarda soturno, encontrar os chefes escondidos, covardes!

Quero desfilar minha entrega na praça...
Pintar-me no sangue de cada moscardo!
Enfiar pelas tripas de cada papa, meu sabre enferrujado, para machucar todo por dentro...
E sorrir de ódio como um homem que enlouquece em êxtase eterno!
Quero, quero manchar minha água, pintar de vermelho essa carne murcha!

Me julguem, me estapeiem, me prendam...
Firmem o atestado de minha falência...
Quero explodir o palácio... detonar cada muro que nos impede o passo!

Não quero... vou!!
Anuncio em letras escarlates...
O cão que late...

Nenhum treinamento, apenas ódio que acumula nas massas... como fermento...
Nenhuma receita, apenas instinto que se multiplica... como insetos!
Nenhum traço de areia, apenas água e cimento, absoluto concreto!

Meu poema explode, se materializa a ameaça!
Em seus aposentos formulam minha mordaça!
Não me atrapalha... nem me confunde... apenas infunde a mira de minha palavra direta!

O alvo ta claro...

Tudo que escrevi quando ainda estava em rascunho...

Tudo que eu escrevi quando ainda estava em rascunho, mas como não tenho ainda nenhum compromisso com o mundo das publicações acabadas, deixo apenas que as bombas explodam sem nenhum sentido!

E ninguém paga o preço de nada... então vou aguando essas flores murchas até que apareça um fruto maduro, retorcido, resistido aos incêndios de qualquer intempérie...
Vou deixando assim, qualquer tipo de rastro... Sem nenhum conforto, como os rabiscos que já não nascem dos teclados... mas são dedos urgentes, desesperados...
Deixo aqui mais uma passagem, um portal aberto para essa alma que ninguém percebe...
Qualquer indigente de espermas mortos!





Eu venho daquele antigo império,
em que os poetas traziam no peito a bomba que explodia orgasmo!
Sou amigo do mago Gepetto, assim como Merlin me ensinava...
Zaratustra me convidava para chás em sua caverna...
Tenho laços na família dos Centauros...
e as Ciganas apaixonadas, erguiam as saias em minha passagem...
Tenho a barba crescida dos velhos profetas...
Em meu ombro se espalham as lástimas de Iscariotes...

Tenho uma flor para cada guerreiro... cortesãs em veludo eu avassalei...
Aprendi o truque sinistro da eternidade... me embebi deste drink desinteressado...
Mas a fome é destino certo, para diverti-la vendo a força de meu trabalho...
A fadiga dos indigentes me é indigesta...

Hoje, para distrair o tempo, me aposentei num mosteiro...
E um velho circo aluga meus passes perfeitos...
As famílias se divertem com estatuetas que falam...
Sou eu que as controlo colocando-as no colo... como os ventríloquos!

As partículas do tempo são capturadas em meu puçá feiticeiro...
Minhas aurículas se divertem ao som da fogueira...

Entrego os pontos... desisto... já não esforço o poder dos músculos, e desfaleço!!!
Confesso que o tempo já não possibilita o meu sucesso...
E essas máscaras desconfortáveis já não disfarçam o meu fracasso...
Já não insisto... Anuncio sem zelo meu desespero...
Que em seu reflexo denomina-se de suicídio!
O fundo do poço me é agradável, é meu estábulo!

Venho da espécie dos derrotados...

Ergo a taça... derramo no átrio o sêmen desgasto!
Vou me arrastando pelos botecos...
Sou o medo das donzelas que se assustam e trancam as velhas vidraças...
Venho com o orvalho, ou com a noite que te embala....
O pesadelo que acalma as raízes podridas...
Sou o vestígio do sangue símio que lhe persegue...
A derrota que embota as vestes vencidas... e lhe surjo às trevas...
Que lhe sugere, que suja...

Vou me embolando aos ébrios do cemitério...
até que surja no horizonte uma estranha coruja...
Até que seja atendido o desejo...
do velho gênio que apodrece numa garrafa miúda!

E desfaleço, a memória imunda que me esquece!
Me embriago, por trazer por debaixo do manto esse macaco escondido...
Por ser perseguido pelo feromônio
Solto os gorilas... Deixo que estraçalhem as muralhas perfeitas...

Sou aquele mesmo que foi tragado pelo fracasso!
Deitei na neve, afoguei os navios fantasmas...
Metralhei as fadas já desgastadas que agora dormem num puteiro de estrada!
Os unicórnios, cansados, se desfalecem no estábulo, amamentando as gordas muchachas dos capitalistas...
Já os duendes, esses safados são individualistas como um porco capado!
Eu os detesto!

Fervo a água, desmembro a flor... esculpo o presépio!
Arrebento a corda que me prende a essa fornalha...
Não sou de ferro, e tinha uma pergunta que me assaltava sempre que a onda invadia a praia...
Até quando vou fugir desse naufrágio inevitável!?
Já não fujo... já não disfarço. Sou a bomba explodida, sou o fracasso...
Sou a esfinge desvendada... sou o mistério interrompido... a freira estuprada...
Venho da espécie dos humilhados, dos feiticeiros aposentados em circos gaiatos que vagam pelo interior...
Faço sim, uma flor crescer em su palma... ergo um pequeno jardim nos olhos dos desvalidos.... mas entre migalhas reina meu totem desprevenido!
E já me assaltam as últimas bestas do apocalipse...

Sou a réstia dos elementos, o fim do pensamento dos druidas...
Sou a peça desnecessária para o bom andamento dos negócios...
Sou o ócio em figura... sou a formosura desnecessária...
Por isso tropeço nas últimas letras...
Por isso não peço que me respeitem...
Sou o dicionário do analfabeto... o predileto dos dinossauros...
Minha mágica combina-se aos truques do velho Merlin... aposentado!

Não vu fugir de meu fracasso, ate quando a derrota será um fantasma...
Não me persegue mais... eu lhe abraço...
Venha a mim o reino dos derrotados...
Envelheço meus membros num velho boteco...
Peço cachaça, e envileço com manchas sebentas em meu encalço!
Já não me esforço, desisto do mundo como pelo avesso...
Atravesso a fronteira do tempo e me desfaço!
Trago as partículas do espaço, assim como dos elementos,
minha matéria é a mesma que te origina...
Não me abomina as raízes do vento!
Tenho a memória gasta de um porto cabello!
Tenho os joelhos tortos como garrincha!
Tenho labirintite!
Venho do reino dos minotauros... decapitado do céfalo profundo!
Venho trazendo os temperos adultos...
Não tenho amigos, estão aposentados num labirinto...
Nem familiares... estão pelos bares ou em absinto”!
Não tenho prestígio... apenas o vírus que me invade,,,
A gripe que me succiona





Cafajeste...

Arrumo com brio meu bigode retorcido, faço a barba e me visto de terno listrado...
Deito colônia em meu peito desnudo... e vou para a rua, caçar por donzelas enriquecidas...
Lanço o perfume de meu hormônio, tenho a pele lisa de tanto desejo...
Tomo um banho, e me masturbo, espalho o esperma na epiderme já ressequida...
Deixo o cheio da vida penetrar pelos poros... assim eu caminho pelas calçadas...
Olhares me perseguem, eu levito!
Minha navalha percorre os detalhes do decote de seu vestido...
Cheiro a orvalho... Solto o cavalo no pasto, que persegue a fêmea no cio!
Deixo limpo meu olhar sincero, desejo apenas o seu orgasmo!
A ele eu venero, sei bem o que quero...

Contemplo seu templo... Esvazio meus bolsos de oferendas...
Tiro a roupa sem peso, como dizia, levito... sou apenas sincero!
Vou caminhando a seu encontro, vou deslizando meus dedos...
Beijo o disfarce sem desconforto,
Mordo de leve seu metatarso, de leve...

Sou velho bárbaro, minha barba escondida ainda me entrega...
Sim, tenho tártaro... sou feito de barro ainda sem sopro divino!
Feto prematuro!

3 de abril de 2010

as lágrimas corretas...

Hoje, que venham para o brinde, todos os poetas... e glória aos guerrilheiros...
Dançam na cabana os marinheiros... e sobre as obras derradeiras, pisam os centauros...
Que venham para a festa os literários, todos os tipos da raça e os lixeiros, mas que tragam as bazucas azeitadas...
Que venham as musas com cachorros perdigueiros...
Mas nenhuma mágica vai se desdobrar no pátio...
Esparramo no terreno, apenas as obras perfeitas... e mal acabadas, as lágrimas corretas...
Hoje venham para a valsa, os vampiros... a noite é de festa... e temos a seresta como mágoa a ser desfeita...
Desfruta então as músicas dos sinos... E rasga as telas de arabesto...
Deságua a eterna mágica do leito... e faz que as cicatrizes se desmanchem em delírio...
Pega o copo, enche sua taça deste vinho...
Seco! Eu decido...
Hoje, sei que finda a última batalha, e o jovem Werther anuncia o suicídio!
Wilhelm Meister se descobre apaixonado, ou como títere ainda se acredita divertido...
Vamos, vamos colher os limões galegos... azedos como o suor de diabos... as escamas da medusa me dão medo...
Balsa... com V mudo me assaltam os passageiros...
Nada tenho que me traga um romance mosqueteiro... capa & espada... nada tenho que me arraste ao mundo inteiro...
Dom Quixote se envelhece num barraco, num barranco escondo os lábios desperfeitos...
Desperta a música no pátio... eu, assim, descabelado, vou sonhando sem um sol que me alimente...
Nessa noite, temos brasas nos sapatos... e trazer uma cantiga que embale os homens bêbados...
Todos os heróis já vomitaram...
Agora, resta ver a verdade direito... com tato, apalpar as poucas medalhas no peito...
Como cegos, acordar sem as trombetas... nada tem de eterno essas palavras no caderno...
Nada tem de milagre... meu vinho já tem gosto de vinagre...
O Pão embolorado, se desbota sem Van Gogh pincelado... e tem o gosto antigo da fumaça de ervas proibidas...
Eu volto meu olhar para o lado mais calmo das estátuas... e sei que as patas do centauro ainda cavalgam ligeiras pelo asfalto...
Senta-te a meu lado, estende-me a mão... peça-me um abraço...
Vou na velocidade da lama, que é lenta, mas engana...
Vou em direção diferente... do que antes eu tinha em mente...
Meu sêmen se acumula latente... sem disfarce...
As sementes das quaresmas, estraçalham as vidraças...
Nada mente... apenas se floreia o caminho dessa vida sem jardim...
Venham mesmo, todos os poetas... venham a mim...
Minha lavoura vos espera! Minha terra...
Mas nenhuma mágica, nenhum milagre, nem nesta e nem em todas as noites futuras...
Marx nos alerta... Que fujam todos os poetas... para os campos de produção sem fim... que finjam ao menos, trabalhar sobre a matéria...
Marx nos liberta... de ser sempre a mesma histeria... Que fujam para a história os anacletas
Nada tem fim... nem a mão que me embala, nem nossa grande muralha... nem a marcha de Mao timoneiro... Nada tem fim... Nem a dor antiga que não cicatriza direito...
Nada tem fim... e nem começo...

A PERSISTÊNCIA DO CARATÊ

A todos os que desejo bem...
Aqui no meu Mosteiro Simonésia, a solidão e a disciplina, me fazem destilar algumas lembranças...
Não tendo muitas opções para distrais os fantasmas, acabo por mergulhar dentro do poço de meu passado, e vejo quanta coisa boa...
Escrevi agorinha essa pequena passagem REAL de minha vida, que claro que os familiares que estavam metidos no meio da Serra dos Carajás, irão se lembrar, não com todos os detalhes e intensidade que eu me lembro...
Só queria dividir com vcs, que são especiais para mim... E pedir uma opinião, e correções, porque escrevi de uma vez só, sem reler nem nada!!!

Beijos e carinho a todos!


A PERSISTÊNCIA DO CARATÊ

Era numa serra no Pará, uma cidade erguida sobre puro minério de ferro... e eu com meus 9 ou 10 anos, havia chegado ali por causa de meu paizinho, que fora contratado pela CVRD para construir uma eclusa, e a cidade seria demolida em poucos anos pra frente...

Uma cidade inteira pré-moldada, casas de madeira, pintadas de azul e branco... bairros separados por peões e engenheiros, e o bairro também dos chefes...

Escola para todos, padaria que a gente comprava o ticket do pão e do leite para toda a semana e deixava os tickets numa cesta em frente de casa e na manha seguinte, magicamente os pães e leite estavam lá nos esperando para serem colhidos...

Cidade cercada inteira de alambrado, para que as onças e outros animais que atemorizam os homens, não pudessem machucar suas crianças...

No meio da Selva Amazônica, quase sem estradas, e muitas vezes o transporte era o barco ou o helicoptero, ou ainda os pequenos aviões bimotores... Não me lembro ao certo de tudo...

Sei que havia um clube, um clube também dividido por classes, inclusive me lembro que uma desas cantoras que rebola bastante, ia se apresentar na cidade... e haviam 2 espetáculos, com horários diferentes... Mais cedo era o espetaculo para a classe A, de engenheiros e chefes... a cantora só cantou mesmo, com algumas reboladas discretas e jogando charme para ver se arrumava algum programa mais tarde, mas chefes, nessas horas, são discretos... sempre acompanhados de suas esposas, apenas aplaudiram e desviaram os olhares...

Mais tarde, era a hora dos peões, e dizem os comentários, que até a roupa ela tirou, ainda se apresentaram mais 6 bailarinas, minha imaginação na época delirava com o show para os peões... espiões... Tudo era meio artificial, mas meus sonhos, eram explicitos... Desejei ser da classe dos peões para sempre!

Sei que numa manha de calor intenso e ar paralisado, apareceu na cidade, alguns cartazes que divulgavam que um grande mestre do caratê iria começar as aulas para os interessados, que uma turma teria idade entre 8 e 15 anos e treinaria em diversos horários diferentes...

Era alguma iniciativa do conselho diretor da cidade para ocupar a energia explosiva da molecada... Claro que essa iniciativa também deu-se graças a aparição desse tipo forasteiro que havia chegado na mesma semana e se apresentado ao conselho como professor de caraté, mostrou diplomas e a carteirinha da associação de caratẽ do Brasil, se é que isso existe...

No mesmo sentido de todos os interesses, minha mãe, também animou a me matricular, já que minha chateação em casa era grande e minhas irmãs já não suportavam mais serem golpeadas pelo meu poder de ultraman, ou de Pirata do Espaço...

O Forasteiro, os conselheiros, minha mãe e minhas irmãs, todos adoraram a idéia, fazia todo sentido, estava na lógica óbvia da razão e da sensatez... e incrivelmente, todas as mães, e todas as irmãs, e todos os moleques da cidade tiveram a mesma razão... se matricularam nas aulas, o professor haveria de trabalhar com mais de 20 turmas... pelo menos 8 horas por dia...

Mamãe comprou o quimono que uma costureira local havia improvisado para a molecada inteira da cidade, alguns tiveram a sorte de terem mães costureiras e os lençóis mais grossos fizeram o papel de tecido especial...

O início das aulas era coisa ansiosa, eu estava empolgado, nervoso, na época, haviam acabado de lançar o filme do Karate Kid, e eu me imaginava o próprio Daniel San... a espera do Sr. Miagui...Então, entre as horas que não passavam, eu dormia e acordava com o meu kimono... só não ia para a escola com ele, porque era tudo muito organizado, e o CETEP Carajás não permitia que entrássemos sem uniformes...

Ah, que ansiedade!!!

Chegou o grande dia... segunda feira, as 6 da tarde... minha turma tinham uns 20 moleques, e dois deles eu conhecia... era o Andrémendes (que eu insistia que o nome dele era esse e minha mãe sempre falava, não Tequinho, o nome dele é André, e o sobrenome é Mendes, inclusive o nome da irmã dele é Andrezza Mendes..., bom não importa, importa que a professora chamava ele de Andremendes, e eu também o chamava assim, eu e todos os outros moleques...) Esqueci de dizer que a tal da Andrezza era a minha paixão secreta, mas isso fica para outra história!

As aulas iriam começar e meu kimono já estava com uma inhaca tremenda, bela arma contra os adversários do Pirata do Espaço...

Eu era todo esportistazinho, lembro de uma lista de presentes de natal que eu havia pedido para o Papai Noel uma bola de futebol, uma de voley, uma de basquete, tenis, frescobol, ping pong, bola de capotão, futebol de salão, bola de boliche, minha lista eram todas de bolas... bom, mas eu era todo esportistazinho como eu ia dizendo... E no Caraté, me imaginava já o grande campeão, porque eu tinha disciplina e vontade, as mesmas coisas que o Daniel San tinha também...

Eu já delirava com o kimono e com o cheiro de suor de um tatami meio podre que haviam arrumado... mas eu gostava, e acho que ainda gosto daquele cheiro... Então chega o professor... Carlos, mas que delirio... eu não imaginava figura mais exótica... em minha cabeça, seria um professor japonês, obviamente, mais velho, forte... seco...

Mas que figura o tal do professor Carlos, ele parecia o Casagrande... sim, eu tomei um susto, não o Casagrande antigo, mas o atual comentarista de esporte, barrigudo, cara oleosa, cabelo enroladinho e sempre molhado, igual fios de ovos, igual o do Luis Caldas... Ai ai ai... ele parecia aqueles caras hippies antigos que em vez de maconha, bebiam muito mais pinga... Ele era desengonçado, barrigudo e flácido mesmo... mas enfim, era meu professor, e a ele eu deveria obedecer sob todas as circunstâncias... criei um respeito por tudo que ele dizia, e ele começou a aula dizendo que a gente deveria tirar notas boas na escola... mas que raios!!! O que a escola tinha a ver com aquilo??? Enfim, não seria grande problema, porque minhas notas eram as melhores da sala, as minhas e as do Fúlvio!

Ah, começamos enfim, milhares de polichinelos, correr em volta da sala, abdominais, ele mandava, fazia umas 5 repetições do exercício e nos deixava mais de 15 minutos no mesmo exercício. Depois nos colocava para fazer alguns movimentos mágicos...

Acreditem, eu estava adorando e em êxtase profundo, minhas irmãs e minha mãe, perceberam a mudança... eu chegava cansado porque depois das aulas eu e a molecada da turma, ficávamos brincando de ninjas, com as camisas amarradas na cabeça e nossos chacos de cabo de vassoura e sisal. Nossas brincadeiras eram muito mais instrutivas que a própria aula do Mestre Carlos.

Enfim.... Misteriosamente, na segunda semana de aula, apareceram novos cartazes na cidade, agora divulgando um campeonato de caratê entre todos os alunos matriculados, e que deveríamos fazer nossas inscrições na mesma semana. Minha mãe se assustou e pensou que não era normal um campeonato na primeira semana de aulas... Mas já que todos haviam aceitado, não havia porque se preocupar... eu nem pensei no assunto, sei que minha mãe não poderia estar correta, óbvio!

O Coração palpitava, o ginásio da cidade estava apinhado de gente, na sexta a noite iniciaria... e o clube estava cheio como nunca havia visto, estava mais cheio que o show da cantora que rebolava muito... lembro que era alguma chacrete...

Minha mãe me deu um remédio para tirar a tensão, sei que eu não dormi da quinta para a sexta, pensando nos meus ensinamentos e nas medalhas que eu ganharia... minha familia me aclamaria como o campeão da casa...

Explodia mesmo... e chegava a hora da luta, a primeira luta, vi meu nome escrito num papel colado na parede, Marcelo Campello Ramos x Juvenal Pereira Albuquerque (18:25h – Sexta), uma longa lista de nomes numa longa parede do ginásio, eram várias lutas simultâneas, e os juízes eram os professores de educação física da escola, os cabos do exército, etc... foram laçados de última hora para fazerem juízo das lutas.

Nada me importava e tudo transcorria na maior da normalidade das coisas... Eu tenso, nervoso, comendo todas as unhas... Minha maezinha estava orgulhosa, ao menos parecia, mas acho que por dentro ela pensava: “- Ah, meu pequenininho, tão fortinho, tão dedicado, a poucos dias estava aqui nos meus braços e agora está pronto para iniciar suas batalhas sozinho!” E meu pai, ainda meio cansado do trabalho de toda a semana, chegou meio atrasado, mas a tempo de ver as primeiras lutas da molecada e eu junto deles, meus pais me davam conselhos, dizendo que o mais importante não era ganhar, e sim competir, mas eu tava querendo destruir quem passasse pela minha frente...

Chamaram meu nome no microfone...

Eu fui par ao tatami sozinho, no tatami de letra “R”, cheguei antes de meu oponente, e imaginava que ele estava perdido, chamaram por ele novamente, e eu explodia de ansiedade, em cima da faixa que me deixaram estacionado, eu todo durinho, ereto, olhando para o vazio que aguardava o moleque Juvenal...

Pela terceira vez o chamaram, e agora apareceu um cara esquisito que se postou em cima da outra linha, um cara sem kimono, que ficou ali parado... e iniciaram os preparativos para a luta... Caramba, vi meus pais protestarem na arquibancada... era um adolescente de 15 anos que iria lutar comigo, grande, corpo de homem, da família dos peões... monstruoso, eu não raciocinei... mas pensei: “ - Se é ele o meu adversário, que seja, a luta vai ser limpa e honesta e vou dar o máximo de mim, afinal Davi derrotou Golias, ou foi o contrário!? Confundo os nomes dos personagens, mas enfim, sei que o pequeno derrotou o gigante...” E comigo seria o mesmo... eu era o pequeno Daniel San, meus dentes trincavam apertados!

Plim!!! Soa a sineta...

Meio segundo se passa, e eu estou estatelado no chão, tomei um chute no meio da boca... um chute terrivel, que desmoronou meus sentidos... Plaf... só ouvi o barulho oco de minha bochecha colando nos dentes e espremendo para fora o pouco ar que havia em mim... Meu dente ficou meio mole... e demorei para entender o que havia passado...

Sei que ao meu lado, meus pais já se ajoelhavam, e me acudiam... o ginásio deu um pulo, e todos fizeram “Uh!”...

Acordei, fiquei grogue ainda, me levaram para o banheiro, açucar na gengiva, para parar o sangramento... meu queixo doía...

Mas eu me soltei da atenção cuidadosa de todos, e falei com calma que eu voltaria para o Tatami e continuaria a luta, mas todos diziam que eu já havia perdido... mas não podia ser, a luta não acabara ainda, eu tava ali inteiro, consciente... E meus pais protestando que aquilo era um absurdo! Que deveria ter divisões por faixa etária ou peso, para os combatentes, que não poderia ter agressão física assim! Enfim, os motivos não me convenceram, e o campeonato estava apenas começando... e eu deveria voltar par ao tatami antes que meu tempo se esgotasse...

Os juízes não acreditaram quando me viram com a boca cheia de açucar... em cima da linha branca pintada no tatami verde... e eu encarando sério, com os olhos vermelhos o gigantesco adversário...

Não perguntei nada, apenas me parei ali na linha aguardando o recomeço, como um condenado num paredão que encara seus algozes... aguardava o reinicio sem pensar em nada...

Eles se reuniram, e decidiram por me dar mais uma chance, já que eu mostrava tanta coragem e vontade, meus pais gritavam para que tudo fosse paralisado, mas eu não ouvia, e no fundo, minha mãe, queria sim, que eu voltasse e arrebentasse a cara daquele Juvenal... Me disse baixinho para eu chutar o saco dele...

Ah, eu tinha minhas armas secretas...

Plim... soa novamente a sineta...

Catapau!!! Esplatam!!! Pow!!! Krash!!!!! Porrada pura e absoluta!!!!!!!!!!

O gigantesco Juvenal, me esmigalhou inteiro... fui atropelado mais uma vez, sem chance nenhuma... Eu, meninote, quase um frango na mão do urso... fui detonado, humilhado, derrotado, trucidado...

Apanhei como um cavalo manco... Sangrava mesmo, mas não sentia nenhuma dor, minha adrenalina subiu a um milhão... eu era puro ódio de minha fraqueza... eu odiava com toda a intensidade o limite de minha força... Mas não conseguia me levantar mais... alguma coisa se partira além do meu orgulho de menino esportistazinho e admirado na família...

Fui rebocado pelos juízes para um canto do ginásio e meus pais ficaram ali, me cuidando, e minhas irmãs, ao mesmo tempo que riam de minha situação deplorável, sentiam, um leve sabor de vingança de me ver apanhando tanto... mas no fundo sei que elas queriam arrebentar a cara do tal do Juvenal, queriam tacar pedras e paus naquele urso que havia me atropelado... sei disso! Eu só conseguia articular algumas palavras: “- Me deixem voltar para o tatami, pelamordedeus, eu quero terminar a luta!!!” mas dessa vez os juízes e meus pais, foram mais sensatos que minha vontade

Fui para casa, e não falei mais nada durante todo o fim de semana, não quis sair. Me tranquei no quarto... eu e minha humilhação... Meu tornozelo estava enfaixado, mas eu não pensava sobre isso, apenas mancava e percebia que algumas partes roxas em mim, doíam mais que as partes normais...

No domingo a noite, minha família me arrancou do quarto para assistir as finais do campeonato desastrado, e a cerimonia de premiações, disseram que eu tinha que ir porque todos os inscritos teriam que participar da cerimônia, já que o espírito esportista deve reconhecer os legítimos vencedores como toda a história tem dito...

Como qualquer criança, eu mesmo já estava meio enjoado do carma de ter que ficar destilando ódio, e no domingo a notie, eu já estava feliz de novo, e fui ao clube para assistir as finais e a premiação, e haveria de ir com o meu kimono, óbviamente...

Terminadas as disputas, era a hora da premiação, chamaram vários conhecidos meus, chamavam o moleque pelo nome e davam a medalha para ele lá na frente... Foram distribuidas umas 8 medalhas de ouro, depois mais umas 8 medalhas de prata... e já estavam chamando o oitavo moleque para receber a medalha de bronze... Eu não sabia o que eram essas distinções de medalhas e minha mãe ia me explicando... que eram todas metais nobres, apenas de cores diferentes... a oitava medalha havia sido entregue, e naquela hora, meu maior desejo era ser um daqueles meninos que estavam lá na frente com seus kimoninhos e suas vitórias espetaculares... Todas as medalinhas de fita verde e amarela no pescoço... Que beleza, que heróico...

Então, ouvi o microfone gritar e me tirar do sonho: “ - Marcelo Campello Ramos... Medalha de bronze, por demonstrar determinação e persistência!”

Silêncio em mim... delírio... seria possível!!!

Até agora escrevendo, me sobem lágrimas aos olhos... eu estava sendo chamado e não acreditava... não era possível, eu estava sendo chamado e minha mãe dizia: “ - Vai lá meu menininho, vai lá que você também é um grande campeão!”

Sério!?? Eu perguntava e tentava entender... Mas já estava lá no palco, com minha medalha no peito e sendo parabenizado pelos juízes que não percebiam minha emoção gingante.

Ao final, em êxtase, minha família me parabenizou e fomos comer sanduiche na rua para comemorar... Eu era um herói, mas ainda não sabia o que significava Bronze e muito menos a palavra persistência...

Mais uma vez, minha mãe me explicou direitinho... e minhas irmãs pediam para tocar naquela medalha... e ridicularizavam o meu grande feito heróico... Até hoje me lembro da musiquinha que elas criaram para minha medálha:

“- A Persistência do Caratê! Pererereréu, pererereréu... foi pro beleléu!!!


Eu era um herói... e acho que minha persistência até hoje tem um cheiro de bronze...


Nunca mais ouvimos falar do professor Carlos... sei que o campeonato, acabou me mostrando várias belezas que carrego até hoje!

31 de março de 2010

Rio Acima - MG




Festa no fim de semana no sitio do Tuca, em Rio Acima - MG... um pessoal muito bacana, gente alto astral, musica da boooa mesmo, cachoeiras, e a equipe de trabalho nossa foi em peso!

25 de março de 2010

Meu resumo material


Bueno, esse é o meu pequeno resumo material, sem eses pequenos detalhes, não me identifico... sou eu... Chimarrão, rapé, granola, levedo de cerveja, ginseng, flauta, Marx, MST, Kefir... Claro que falta ai, o pedaço de meu coração que anda se encontrando por qualquer esquina, e se encostando em qualquer pedaço de mármore...

9 de fevereiro de 2010