Lamparinas, luz de velas... São lanternas japonesas! Me parecem ser estrelas, com certeza são eternas!
13 de março de 2011
Aquieta o Realejo e Seu Macaco!
Vou a praça meu amigos! Não me calem!
Desta vez é diferente. Vou gritar a todo povo
Com vontade. Que sou jovem e deliro com poemas!
Sou bonito bem lá dentro, não perfeito
Mas amável e contente Dom Quixote!
Vou a praça meus amigos. Não duvidem!
Acordar os passarinhos logo cedo, com migalhas
E cantigas e assovios, vou ali tocar o sino da capela
No coreto encostar minhas costelas, vou deitar
E decifrar mais um soneto,
ou quem sabe, serenata para as estrelas.
Vou a praça meus amigos. Convocado pelos anjos,
Não gargalhem! Mas é claro que retumba em meu ouvido
Uma trombeta, e me chama pelo nome como bomba
Estalando na usina japonesa. Não escutam o universo?
Bueno, eu escuto e me despeço. Me convocam!
Eu alisto as legiões de bons profetas
Vou de fato, de mãos dadas à paixão Roberspiana!
Laços feitos com a jovem Julieta
Vou trotando o Corcel Negro, pela praia!
Flutuando como pássaro ligeiro, que alegria!
.
.
.
Ao passar o general, meus quatro dedos
lhe concedem continência com respeito!
E a praça me aparece tão distante...
e o povo me parece satisfeito
com as pérolas atiradas por palhaços...
que adormeço de cansaço antes do sono
Operário de palavras que escreve,
torturado na masmorra como escravo.
Que tristeza!
Sim senhor! Ao trabalho, aperto um parafuso!
Me desculpe!
Desaparece a praça no infinito do desejo!
Cala-te macaco!
Sufoco uma vez mais o realejo!
Não me peçam gentileza! Vou dar murros!
Vou a guerra camaradas! Não à praça!
Batalhar por meus direitos e justiça!
Não me impeçam! Que delírio!
Assim sei que me diriam... que impropério!
A criança que me espera no barraco
Sente fome e desejos e não duvida
Que um dia o império se despeça!
Vou a guerra camaradas! Não me julguem
Estar louco! Não maltratem com descrenças
A esperança... Quero um jarro d'água
Para acalmar a sede
de vingança, antes que seja tarde.
Não é nada comparado a decalitros
De suor que derramo na fornalha
de meu rosto todo dia, como rio
a correr para os esgotos
Vou a guerra meus queridos companheiros...
Não me peçam gentileza! Vou dar murros
Com vontade e sem destreza, vou rebelde
Arrebentar a jugular do general
Que devora minha carne. Sou selvagem!
Eu entalho uma bandeira no granito, sou gitano!
Digo mais! Que a greve já é coisa do passado!
De tão grave que se encontram os sindicatos
Como mortos, secretários, cemitérios!
Da greve fiz a guerra
De pedra fiz o poema!
A moeda é como flor
que desaba na calçada
Troco as fraldas da criança
São as regras garimpeiro
De esmeraldas no bueiro.
E o general... se afoga em nossa hemácia
Que delírio, vê-lo assim, deselegante!
Despenteado!
.
.
.
Passa o tanque e os soldados enlatados...
Mas... Humpf... a guerra me parece solitária...
E a vontade dos colegas me parece tão domada!
Já não são mais camaradas... São sisudos!
Adormecem entorpecidos pelas drogas... Que absurdo!
Violentam as esposas e despistam a tristeza com o jogo!
Depositam seus desejos nos domingos!
Vou pra cama meus amigos...
E passa o general com mais medalhas tinindo
no peito...
Em meu ombro, toda a culpa de ser fraco,
E dormir a cada dia mais insosso!
Choramingo de revolta, tremo inteiro...
A gangrena comungando sua derrota!
Chega o dia general!
Como eu vi os faraós se agitarem
Quando o povo ergueu bem alto
as bandeiras lá no Egito!
Vou dormir vasculhando a história
Maquinar mais um esquema junto às massas
Vou bordar outra estrela no uniforme
E passear pelos escombros da hecatombe!
Vou deitar mordendo os dentes nos entulhos,
e no partido, organizar outra investida ao território!
E o realejo vai soar tão excitado
Que os poemas vão brotar no azulejo
Chega o dia general!
Chega o dia!
Ah! Eu sei que chega!
Como eu vi se agitarem no Egito!
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o momento das ruas e das praças, sempre chega. Porém, chega em tempo de história, não necessariamente tempo de indivíduos.
ResponderExcluirAs perolas não sufocarão o povo para sempre.
Estejamos preparados, mesmo se o tempo não for nosso, com nossos sonetos e realejos.
Muito bom o poema.