14 de março de 2011

O labirinto de calcário



Ela enverga o corpo assim, como num arco
De cordas tesas da mirada no objeto
Arrebentadas quase inteiras e por completo
Sua flecha ela dispara, sendo certeira

A coluna arrepia como uma harpa
Nos arames ela vibra em harmonia
E nos ossos da bacia se percebe
O labirinto de calcário como num mapa

Ela navega como um barco no oceano
E nas marés vai descobrindo os segredos
Das cavernas submersas e dos rochedos
E das cantigas mais antigas do piano...

Numa nau ela passeia pela praia e me atravessa
Na caravela é a carranca da sereia, às avessas
Traz boa sorte, e meu túmulo é da matéria da areia, de silício
Dos mais finos que o vento sempre leva, e recomeço!

Iemanjá vai invejando-lhe a beleza, mas joga flores
Os orixás a jogar búzios na certeza
Que essa mulher, sendo a própria natureza
Possui marinho um reino, o domínio das espécies...
E meu carinho...

Minha Pátria vai inteira para a festa...
Tanta delícia a recobrir meus devaneios...
Um vento fraco, como brisa bem de leve
Traz o perfume de su’alma em meu sorriso

Ela é sereia, a retornar de Atlântida perdida!
Venha para a terra, ergue outro reino no terreiro!
Com suas pernas verdadeiras, não das escamas fictícias!
Ela é Patrícia... minha pátria
feiticeira... minha carícia.

Volta para a cama!

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