4 de março de 2011

Soldado da Coluna Prestes

A Coluna Prestes foi um movimento militar com adesão de populares revoltosos, liderado por Luis Carlos Prestes na década de 20. Em 2,5 anos de marchas, percorreu mais de 25.000 km pelo interior do Brasil, lutando contra as tropas oficiais e afugentando o próprio cangaceiro Lampião de seu caminho, na ocasião o governo deu um titulo de comandante do exército brasileiro, para que este derrotasse a Coluna. Lampião sabiamente, pegou todas as armas que podia, e não enfrentou Prestes, considerando que este não era seu inimigo e nem tinha forças suficientes para gastar.
Outros fatos curiosos: Muitos soldados da Coluna, combatiam nus, porque andavam em estado de miséria absoluta...




O povo das localidades por onde a coluna passava doava alimentos, roupas, armas, e os consideravam santos e milagrosos.
Diz-se que Prestes tinha poderes santos, passavam por rios sem pontes, levitando...
Quando a Coluna precisava de carne, pediam um boi aos agricultores e assinavam uma nota promissoria a ser ressarcida depois que conquistassem o poder, até hoje agricultores guardam essas notas...
Enfim, eram os tempos das grandes fogueiras...


Para Luis Carlos Pinheiro Machado, um mestre!


Fui soldado ao cavalo da Esperança.

Trancado nos dentes, arrebentado e ferido

Lembro ainda de um homem santo,

Milagres em acres mal conhecidos

Comandando na veia dos braços, aos farrapos e desnudo...

Exaurido, consumido, constirpado!

No sertão Canudo herda o cajado da liderança...


Sertanejo andaluz, cabano ginete... Ainda sem barba

Fui eu seu soldado trazendo as marcas sem cicatrizes

Abertas pra sempre, como uma cratera. Veja!

Emboscadas militares tombam ao nó górdio da inteligencia

E o sabre sadio bebendo aguardente... Na sagacidade de um profeta!


Toque a ferida! Rasgue de novo meu peito no bacamarte

Tenho-as guardadas... como medalhas

Enraivecido tenho orgulhoso, meus calos do membro aleijado...

Que importa a corcunda!


Fui eu soldado da Coluna andarilha,

Desfigurado e roto em pelotão caminhava...

O povo aspergido ao continente, vibravam ao som do trote de nossos passos

O berro das chamas me hipnotizam...

Somavam-se à tropa em transe... mais um grosso caldo...

Em eco mais retalhado num instinto de justiça!


Mais um sisal na trança... ferve-se a praga... mais uma corda se alarga!

Escreve um cordel, amansa um quintal

Primavera rebrota em nosso jardim...

A chuva nos brinda... gotejos de sangue, de água e balas em mim...

De lama, de estrada, rios sem pontes... levitam em mágica


Eu fui um soldado... sigo as ordens ainda de meu general

semear os sonhos com disciplina...

Eu fui um soldado... militar, é certo! Na noite das grandes fogueiras dancei!

Eu fui um soldado... deitei na Bolívia estradas de ferro inglesas e sinuosas...

Meu engenheiro, meu pai... Sigo adiante sem os diamantes...


Carrego ainda as dinamites... pavios bem curtos, navios distantes


Um tal de Pinheiro segue seus passos...

Um tal de Machado lhe segue aliado...

Sou jovem marujo...

Recordo das flores no pasto!


Nas mãos de um velho soldado, toco o passado...

Agarrado à guerrilhas, tocamos Zapata...

No passo das marchas, o general se levanta...

Outro exército se ergue... Eterna onda que nos persegue...


Soldado sanguinário no espelho

mira o olhar jubilado...

Segue em meu peito entrincheirada a faísca pulsante...

Sigo no estábulo, com Rocinante...

Um rinoceronte cavalga meu peito...


Conheci um velho carabineiro

da Coluna Mágica

Beijei seus olhos... limpei-lhe a fronte!

Semeio em meu pátio seus ensinamentos...

Seremos soldados, serenos e dignamente!


Luis Carlos Prestes saiu conhecido do conflito como o “CAVALEIRO DA ESPERANÇA”

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