13 de março de 2011

Eu carrego em meu peito um elefante




Eu carrego em meus braços a criança
Nos dois olhos, vem um mar de desespero
A esperança retorcida do desejo
Sente fome. Não de arte (ainda), de comida mesmo,
desde a infância um cão lhe rouba a carne.

Vai assim a esperança ao enterro.
Vai de terno bem puído e resumida
Sem descanso
Eu carrego nos sapatos escondida
a alavanca, o gatilho, o disparo, o despreparo

Eu carrego em meu peito um elefante
Que esmaga o homem jovem e a debutante
Faz as malas toda vez que bate o vento

No moinho põe a alma descontente
Faz um frio bem lá dentro, tão constante
Como as ondas ou as pedras de diamante
Faz um rio de lamentos, se derrama
lamacento!

E meu lenço de poeta,
encharcado volta já para meu bolso

Eu me deito, amanha é diferente!

Um comentário:

  1. Lindo Teco, parece que carrega uma grande tristeza o personagem e ao mesmo tempo sente uma vontade sutil de transformação...

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