Sei que em meu ombro, alguém respira...
Sei que estás ai do outro lado...
Não precisa vir me visitar, não tenho remédio para suas dores...
Mas eu sei que me observa... sei, e não te convido...
Sei que desejas entrar na festa, mas não tens trajes...
Roubaste meu diário secreto, eu sei, mas não me descobriste...
Deixe aqui um comentário... meu diário roubado agora é público...
Te conheço pelo nome... tenho a epígrafe de sua lápide...
Deste corda num brinquedo, disparaste a o motor 2 tempos...
Salgo as carnes marmorizadas...
Há muito tempo que não resolvo os mistérios... e apenas sinto que eles me rodeiam, lindos e satisfeitos... saudáveis e atiçados...
Sei que vens me visitar quando durmo... sei que quando meus olhos se fecham, roubas-me os troféus e as medalhas...
Sei que me persegue... e que guardas o meu retrato sob um boneco de neve...
Estações se sucedem...
Por sob meus sonhos, escondo a densa camada de ferro...
Em forma de arco, projeto as asas de meus delírios. Mas os projeto!
Tens o nome que começa por duas linhas que se cruzam... tens um espírito que te ronda perto...
Sinto o bafo em meu pescoço, e sei que é lânguida a membrana que nos separam...
Tíbia é a sensação de enfarto...
Sei, meu amor, que se esconde atrás das cortinas... e buscas, tendenciar minhas escolhas... sei que em tendas, tentas seduzir os traços por essas folhas... Tentas ser o motivo de meus cadernos...
Sabes que sou de pedra... meus olhos não se desviam... mesmo que lambas as rugas de meu pescoço, e as dobras de mis falanges... Não me desmancho... não me derrete....
Sei que desejas ser a musa... ser a deusa... sei que desejas ser a última tentação de um cigano...
Sei que tens um mundo colorido... mas não consigo entrar nas fantasias...
Sei que mesmo sem os convites, vais entrar mesmo de penetra.
Vai lapidar minhas jazidas... e construir uma mina em meus impérios...
Vai extrair meus minérios... vai serrapelar meus abrigos usando esse mercúrio puro...
Metaliza-me!!!
Transformado em sua estátua, pago o preço de meu canto...
Sem cicatrizes, eu pareço quase perfeito, mas os primeiros habitantes desse reino, sabem que eu era bruto... e as veias de um metal antigo, percorrem a pele fina, camuflando-se sob a epiderme...
Sendo mais direto... sei que estais ai a me observar, sem nenhuma vergonha...
E essa é uma maneira de dar-te um recado!!!
Pelo espelho, há um diálogo... Me percebo em dois reflexos transparentes...
Te observo, a limpar os dentes... e dedilhar a navalha!
Agora, vais saindo devagar, distraindo meu cerebelo!
Vais bailando como cigana etrusca...
Deixa passar mais esse cavalo encilhado...
O Sol não se ofusca...
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